ATA DA SEPTUAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 24-9-2003.
Aos vinte e quatro dias do mês de
setembro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze
minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores
Beto Moesch, Darci Campani, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib,
João Bosco Vaz, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste,
Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos Alberto
Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Dr. Goulart, Elias
Vidal, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro,
Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães,
Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Constatada a existência de
quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a
distribuição em avulsos de cópias da Ata da Vigésima Quarta Sessão Solene, que
deixou de ser votada, face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram
encaminhados: pelo Vereador Dr. Goulart, o Projeto de Resolução nº 083/03
(Processo nº 4462/03) e os Projetos de Lei do Legislativo nos 327 e 350/03
(Processos nos 4370 e 4580/03, respectivamente); pelo Vereador Isaac Ainhorn, o
Projeto de Resolução nº 087/03 (Processo nº 4924/03); pelo Vereador Wilton
Araújo, o Projeto de Decreto Legislativo nº 001/03 (Processo nº 4343/03). Do
EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 1921/03, do Senhor Paulo César Hack, Gerente
de Desenvolvimento Urbano da Caixa Econômica Federal – CEF, 10533184, 10533189,
10533198 e 10533692/03, do Senhor Reginaldo Muniz Barreto, Diretor-Executivo do
Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; Comunicado n° 56275/03, do
Senhor Hermes Ricardo Matias de Paula, Secretário-Executivo do Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Após, o Senhor Presidente registrou a
presença das Senhoras Maria Lúcia Coelho e Silva e Jussara Kalil Pires,
respectivamente Presidenta e Secretária da Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental - ABES – RS, convidando suas Senhorias a integrarem a Mesa
dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Jussara
Kalil Pires, que abordou o transcurso do Dia Municipal de Resíduos Sólidos,
destacando a importância da aprovação, na Casa, do Projeto de Lei que instituiu
esse Dia e analisando dados sobre a questão da produção, destinação e
tratamento dos resíduos sólidos na Cidade. Na ocasião, nos termos do artigo 206
do Regimento, os Vereadores Reginaldo Pujol, Luiz Braz, Beto Moesch, Dr.
Goulart, Raul Carrion, Haroldo de Souza, Darci Campani e Elói Guimarães
manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às
quatorze horas e quarenta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e nove minutos,
constatada a existência de quórum. Após, o Vereador Reginaldo Pujol
manifestou-se sobre a ordem de inscrição dos oradores no período de Pauta. Em
PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Substitutivo n° 01
aposto ao Projeto de Lei do Legislativo n° 201/02, discutido pelo Vereador
Sebastião Melo, os Projetos de Lei do Legislativo nos 305/03, discutido pelo
Vereador Zé Valdir, 326/03, discutido pelo Vereador Ervino Besson, 340, 344 e
345/03, este discutido pelo Vereador Ervino Besson, 346, 351, 353, 354, 355, 358,
359, 360, 362 e 363/03, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 016/03,
discutido pelo Vereador Raul Carrion; em 5ª Sessão, o Projeto de Resolução n°
082/03, discutido pelos Vereadores Raul Carrion e Sebastião Melo, o Projeto de
Emenda à Lei Orgânica n° 002/03, discutido pelo Vereador Darci Campani. Na
ocasião, foi apregoado o Ofício nº 049/03, firmado pelo Vereador João Antonio
Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, por meio do qual Sua
Excelência informa que o Vereador Reginaldo Pujol se encontra representando
externamente este Legislativo, hoje, na solenidade de Instalação e Posse da
Comissão Especial de Trânsito, realizada no Auditório Guilherme Schultz Filho,
na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Rio Grande do Sul.
Também, foram apregoadas as Emendas nos 08 e 09, de autoria do Vereador João
Antonio Dib, ao Projeto de Resolução nº 082/03 (Processo nº 4413/03). Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Bosco Vaz debateu a suspensão de
transmissão do programa Domingo Legal, veiculado pelo Sistema Brasileiro de
Televisão - SBT, por indícios de fraude em notícias divulgadas por esse
programa, afirmando que, nesse caso, não há cerceamento da imprensa, mas uma
medida legal necessária à garantia de qualidade no trabalho jornalístico
oferecido à população. O Vereador Elói Guimarães citou audiência que terá
amanhã com o Senhor Prefeito Municipal, para debater a construção de pista de
eventos na área do Porto Seco, expondo os motivos pelos quais defende a mudança
no local projetado para a obra, com o objetivo de ampliar as possibilidades de
uso dessa pista, principalmente para as comemorações da Semana Farroupilha e da
Semana da Pátria. O Vereador Wilton Araújo, abordando a suspensão de
transmissão do programa Domingo Legal, do Sistema Brasileiro de Televisão -
SBT, apoiou a responsabilização dos órgãos de imprensa quanto às matérias por
eles divulgadas. Ainda, discutiu a questão da construção de pista de eventos na
Avenida Plínio Kröef, questionando os reais interesses do Governo Municipal
quanto à matéria. O Vereador Sebastião Melo, reportando-se ao pronunciamento
efetuado pelo Vereador Marcelo Danéris, no dia vinte e dois de setembro do
corrente, sobre a posição obtida pelo Governo Estadual em pesquisa de opinião
divulgada pela Empresa Brasmarket, acerca do desempenho de prefeitos e
governadores do País, comentou posições obtidas nessa pesquisa por prefeitos de
Capitais, integrantes do Partido dos Trabalhadores. O Vereador Carlos Alberto
Garcia relatou reunião realizada pela Comissão Especial constituída para tratar
do uso de bebidas alcoólicas e drogas, exploração sexual e situação de rua de
crianças e adolescentes na Cidade de Porto Alegre. Ainda, saudou o povo judeu
pelo início, no dia vinte e seis de setembro do corrente, do ano cinco mil,
setecentos e setenta e quatro do calendário judaico. O Vereador Carlos Pestana
avaliou pesquisa de opinião divulgada pela Empresa Brasmarket, quanto à atuação
de governadores e prefeitos do País. Também, afirmou que a Presidência da Comissão
Especial constituída na Câmara para avaliar os primeiros anos de implantação do
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental do Município – PDDUA –
deveria ser exercida por integrante do Partido dos Trabalhadores. O Vereador
Pedro Américo Leal referiu-se aos festejos relativos ao casamento da Senhora
Marta Suplicy, Prefeita da Cidade de São Paulo, com o Senhor Luis Favre, e
analisou a significado da postura pessoal assumida pelo Presidente de um país
durante sua atuação política, alegando que deve ser transmitida uma imagem de
seriedade, para evitar prejuízos à aceitação do Governo. O Vereador Raul
Carrion elogiou a política externa brasileira, mencionando a atuação dos
Estados Unidos da América no Iraque e proposta formulada pelo Governo Estadual a
empresários espanhóis, de venda da participação gaúcha em usina térmica a gás a
ser construída no Estado. Ainda, saudou a aprovação das contas do ex-Governador
Olívio Dutra, pelo Tribunal de Contas do Estado, e do Estatuto do Idoso, pelo
Congresso Nacional. O Vereador Luiz Braz anunciou a escolha, hoje, do Vereador
Isaac Ainhorn para presidir a Comissão Especial constituída na Casa para
avaliar os primeiros anos de implantação do Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano Ambiental do Município. Também, comentou dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística - IBGE, acerca do crescimento da taxa de desemprego
no País. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO
DIA. Em Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo n°
109/01, considerando-se mantido o Veto Total a ele aposto, por dezesseis votos
SIM e onze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz
Braz, Carlos Alberto Garcia, Darci Campani e Elói Guimarães, tendo votado Sim
os Vereadores Beto Moesch, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Dr. Goulart, Elias
Vidal, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João
Carlos Nedel, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol,
Sebastião Melo e Wilton Araújo e Não os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos
Pestana, Darci Campani, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Margarete Moraes,
Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Renato Guimarães e Zé Valdir. Na
oportunidade, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores Luiz Braz e
Juarez Pinheiro, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da
impossibilidade regimental de renovação da votação do Projeto de Lei do
Legislativo nº 109/01. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento verbal do
Vereador Cláudio Sebenelo, solicitando alteração na ordem de apreciação da
matéria constante na Ordem do Dia, tendo os Vereadores Sebastião Melo e Cláudio
Sebenelo manifestado-se a respeito. A seguir, foram apregoadas a Emenda nº 10,
de autoria do Vereador João Antonio Dib, ao Projeto de Resolução nº 082/03
(Processo nº 4413/03), e a Emenda nº 01, proposta pelo Vereador Nereu D’Avila e
assinada pelo Vereador Raul Carrion, Líder da Bancada do PCdoB, ao Substitutivo
nº 01, aposto ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 005/01 (Processo
nº 1148/01). Após, foram aprovados os seguintes Requerimentos: de nº 152/03
(Processo nº 4069/03 – Moção de Solidariedade aos remadores do Estado do Rio
Grande do Sul, pela construção de uma Raia Olímpica), de autoria do Vereador Carlos
Alberto Garcia; de nº 163/03 (Processo nº 4408/03 – Período de Comunicações
para homenagear o centésimo décimo primeiro aniversário do 1º Batalhão de
Polícia Militar), de autoria dos Vereadores Pedro Américo Leal e João Antonio
Dib. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Substitutivo nº 01, aposto ao
Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 005/01, com ressalva da Emenda nº
01 a ele aposta, considerando-se prejudicado o Projeto original, após ser
discutido pelos Vereadores Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Margarete Moraes,
Maristela Maffei, Beto Moesch, Darci Campani, Cláudio Sebenelo, Zé Valdir,
Carlos Pestana, Nereu D’Ávila, Wilton Araújo, Renato Guimarães, Pedro Américo
Leal e Carlos Alberto Garcia. Durante a apreciação do Substitutivo nº 01, aposto
ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 005/01, os Vereadores Juarez
Pinheiro, Marcelo Danéris e Renato Guimarães cederam seus tempos de discussão,
respectivamente, aos Vereadores Cláudio Sebenelo, Zé Valdir e Wilton Araújo e
os Vereadores Aldacir Oliboni e Maria Celeste cederam seus tempos de discussão
ao Vereador Renato Guimarães. Em continuidade, foi aprovada a Emenda nº 01,
aposta ao Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
005/01. Na ocasião, foi apregoada a Emenda n° 11, de autoria do Vereador Raul
Carrion, ao Projeto de Resolução nº 082/03 (Processo nº 4413/03). Também, o
Vereador Reginaldo Pujol manifestou-se sobre os trabalhos da presente Sessão.
Às dezoito horas e vinte e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum,
o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib, Maria Celeste e Valdir
Caetano e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste,
1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à
Convidamos a Dra. Maria Lúcia Coelho e
Silva, Presidenta da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
- ABES/RS, a fazer parte da Mesa.
A Sra. Jussara Kalil
Pires, Secretária, representando a Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental, ABES/RS, está com a palavra, para tratar de assunto
relativo ao Dia Municipal de Resíduos Sólidos, pelo tempo regimental de 10
minutos.
A
SRA. JUSSARA KALIL PIRES: Inicialmente saúdo o Presidente da
Câmara, Ver. João Antonio Dib, e a todos os Vereadores presentes. Agradeço este
espaço para falar, celebrando a instituição, em Porto Alegre, do Dia Municipal
de Resíduos Sólidos.
A Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental vem propondo a instituição do Dia de Limpeza e Cidadania
em parceria com a Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental
e com a Organização Pan-Americana da Saúde, que instituíram o terceiro sábado
de setembro como Dia Interamericano de Limpeza e Cidadania; não para
celebrarmos, não para louvarmos a existência do resíduo sólido, mas para
lembrarmos que todos nós temos responsabilidade pelo resíduo que é gerado na
sociedade. Nós temos responsabilidade não apenas pela quantidade, pelo volume
de resíduo, mas pelo tipo de resíduo gerado e por aquilo que nós fazemos com
esse resíduo. Temos responsabilidade quando descartamos de forma inadequada e,
com isso, auxiliamos a provocar enchentes, alagamentos e outros problemas
ambientais. Nós temos responsabilidade pela existência de focos ou de aterros
clandestinos de resíduos perigosos que vêm contaminando o ambiente. No Brasil
nós temos ouvido, ainda neste ano, vários relatos de problemas graves que
aconteceram pelo descontrole, pelo desconhecimento de onde acontecem esses descartes
clandestinos. Isso é responsabilidade da sociedade. E esse Dia Municipal de
Resíduos Sólidos vem para nos lembrar essa importante responsabilidade que
temos.
Eu gostaria de parabenizar os Srs.
Vereadores por terem aprovado a instituição desse dia, que muitas vezes é
questionado, mas, justamente serve para isso, para que nós, em Porto Alegre,
tenhamos sempre um dia para nos lembrarmos das nossas responsabilidades em
relação ao resíduo que geramos.
A questão dos resíduos sólidos no Brasil
e no mundo vem-se mostrando, cada vez mais, tremendamente difícil de ser
enfrentada. Há muitos anos, aquilo que era produzido por nós como resíduo não
se constituía em um problema, porque a sociedade habitava o meio rural e tinha
um tipo de consumo extremamente simples e que a natureza conseguia absorver.
Mas, gradativamente, a população foi chegando à cidade e, cada vez mais, foram
sendo mudados os hábitos de consumo, e isso passou a criar o problema dos
resíduos sólidos. E, no Brasil, nós temos um agravante: a urbanização. No Rio
Grande do Sul em especial, ela não se deu de uma forma gradativa, deu-se de uma
forma muito rápida. Com isso, o problema urbano termina por dificultar ainda
mais o manejo de resíduos sólidos e nos obriga a oferecer serviços cada vez
mais caros e difíceis, e, muitas vezes, não logram êxito no recolhimento
daquilo que a população gera de resíduos. Nós queremos aqui, então, lembrar que
a questão humana, a questão social são parte do problema de resíduos sólidos.
Não fossem as vilas irregulares, as favelas que nós temos nas cidades, muito
mais fácil seria resolver o problema de resíduos.
Nós hoje falamos em cobrança pelo custo
desse serviço, mas quem tem uma sociedade que não consegue pagar pelo seu
alimento e pelas suas necessidades básicas também terá dificuldades para pagar
pelo seu saneamento, pela coleta e tratamento, disposição final de resíduos.
Então, sempre que pensarmos em solucionar esse problema, nós temos que ter
presente a situação de Brasil e a de Porto Alegre, em especial.
A questão dos resíduos também nos é
gerada pelos fabricantes de produtos, não apenas das embalagens - a gente fala
muito em embalagens -, mas não são apenas as embalagens o problema. De uma
certa forma, os produtos nos são impingidos, a própria necessidade nos é
forçada, e nós passamos a admitir determinados produtos como básicos para a
nossa sobrevivência e, cada vez mais, os consumimos. Esses produtos são feitos
sem que se considere que um dia eles também se tornarão resíduos; assim o
telefone celular, o computador, a pasta dental, todos os produtos que a gente
usa no dia-a-dia se transformam em resíduos. Se não forem pensados com o
intuito de que, quando se transformarem em resíduos, tenham condições de serem
reaproveitados ou reciclados, eles vão aumentar o problema, e é isso o que vem
começando. Então, celebrar o Dia de Resíduos Sólidos é também lembrar a forma
como os produtos são produzidos, é lembrar ao fabricante da responsabilidade
por aquilo que é produzido e é colocado no mercado, e também a responsabilidade
pelo problema gerado para os Municípios no sentido de que esses produtos
necessitam de recolhimento e, muitas vezes, de um recolhimento especial que vem
onerar ainda mais o sistema de limpeza urbana dos Municípios.
Aqui em Porto Alegre nós temos presente,
ainda neste ano, algumas polêmicas que vêm tendo palco nesta Casa, por exemplo,
a questão relativa ao destino final dos nossos resíduos, a questão relativa aos
resíduos do serviço de saúde, a questão relativa aos catadores de resíduos que
estão nas ruas, esses são problemas comuns a todas as cidades do Brasil,
principalmente nas regiões metropolitanas. E nós temos consciência de que é
preciso montar alternativas consorciadas com outros Municípios, porque Porto
Alegre não tem mais como destinar seus resíduos. É preciso ainda reduzir ao
máximo aquilo que é encaminhado para a disposição final. Nós não podemos
permitir que materiais que podem ser reaproveitados, que podem ser reciclados,
venham a se constituir num bolo a ser encaminhado para a destinação final. Nós
também não podemos permitir que pessoas que não têm condições de sobreviver
procurem, cada vez mais, nos resíduos, a sua sobrevivência, e que isso seja
considerado como um problema menor. O Município tem que enfrentar essa questão,
mas enfrentar não com aquela visão de que nós temos que limpar a Cidade, de que
nós temos que erradicar com os catadores, mas, na verdade, enfrentar a questão
social que está por trás desse problema. É um problema real, mas que necessita
de soluções bastante complexas e que podem nos obrigar a ter a coragem de
assumir a necessidade de o catador de rua ter o manejo adequado, um trabalho
conjunto com esses catadores, com a Associação de Catadores, é a fórmula que
temos que encontrar em Porto Alegre.
A Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária Ambiental está propondo, a partir deste ano - na verdade já
apresentou no dia 06 de setembro -, o projeto Um Dia sem Lixo. Esse projeto
visa a mobilizar a sociedade em torno dessa preocupação. Por um lado, gerar um
mínimo possível de resíduos que seja reciclável ou reaproveitável, por outro,
que o resíduo gerado tenha o descarte adequado, não venha a se constituir em
focos de lixo e não venha a deixar de ser reciclável, porque nós não fizemos o
descarte da maneira mais adequada.
Neste ano já registramos atividades em
Porto Alegre em conjunto com a ABES. O Fórum Municipal Lixo e Cidadania criou,
com o apoio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana, o Dia de Descarte,
quando 1.800 quilos de material reciclável foi recolhido e foi encaminhado para
as Associações de Recicladores da Capital. No dia 20 de setembro, o DMLU
apresentou atividade de educação ambiental junto ao desfile da Revolução
Farroupilha. Isso tudo foi o início. Nós estamos esperando que, para o ano que
vem, tenhamos uma mobilização muito maior da sociedade porto-alegrense em torno
desses dois grandes objetivos.
Eu aproveito este espaço para convidar
esta Casa para participar do Fórum Municipal de Lixo e Cidadania, na
continuidade desta tribuna, o Fórum estará reunido no plenarinho. Esse Fórum
reúne-se todas as últimas quartas-feiras do mês. Também convido a todos a
participarem desse movimento em torno desse grande objetivo, que é um dia não
gerarmos mais lixo, um dia não termos mais esse problema a ser gerenciado.
Convido, então, a todos que participem
desse esforço. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Convidamos a Sra.
Jussara Kalil Pires a fazer parte da Mesa.
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Vereadora Maria Celeste e caros
representantes da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, a
ABES/RS, especialmente a nossa oradora, sua Secretária, Jussara Kalil Pires. A
senhora nos trouxe uma série de informações altamente pedagógicas acerca do
tema. Tratou especialmente acerca do Dia Municipal de Resíduos Sólidos, cuja
importância destaca com muita propriedade, como sendo um momento fundamental de
alerta a respeito dessas situações todas que convergem ao ponto central da
abordagem que é, indiscutivelmente, não um realce ao resíduo sólido, mas a
nossa responsabilidade, no sentido de dar um destino, um tratamento adequado a
todos esses resíduos sólidos que a sociedade normalmente produz.
Por isso, em nome do PFL, eu fiz questão
de me manifestar em primeiro lugar. Sabe a Presidência que terei de me afastar
do plenário, em função de uma representação da Casa, e não quis fazê-lo sem
antes manifestar o meu aplauso, o meu apoio, a minha satisfação de ver a
entidade aqui representada e, sobretudo, a sua atuação nessa linha que já
tivemos a oportunidade de considerar anteriormente. Então, transfiro à Dra.
Jussara Kalil Pires os nossos cumprimentos e a certeza de que nós haveremos de
estar, lado a lado, com a ABES, não só no Dia Municipal de Resíduos Sólidos,
mas também em outras tantas atividades que tenham por objetivo alcançar esse
desiderato anunciado de forma muito expressiva pela senhora, da Tribuna Popular
da Casa. Seja sempre bem-vinda aqui no Legislativo de Porto Alegre.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. LUIZ BRAZ: Vereadora Maria Celeste, Presidenta.
Quero cumprimentar a Sra. Jussara Kalil Pires, Secretária da Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Eu queria fazer um adendo com
relação a uma preocupação na fala de V. Sa., quando comenta sobre o processo de
reciclagem. Se não qualificarmos o processo de coleta que temos hoje, aqui,
principalmente nas regiões centrais de Porto Alegre, quando as carroças entram
nas regiões centrais e, de repente, competem com o Poder Público, para pegar o
lixo e levá-lo, principalmente para as ilhas, se não conseguirmos melhorar esse
sistema, dificilmente vamos poder melhorar também essa nossa política para dar
melhor tratamento aos resíduos sólidos.
Na Ilha Grande dos Marinheiros existe uma
central de reciclagem que poderia ser muito bem utilizada. Acontece que, na
época das grandes cheias, e agora nós começamos uma época de muitas chuvas, a
água vai retirar o que sobra dos resíduos, porque as pessoas dão tratamento
inadequado aos resíduos sólidos que ficam ali, apenas retiram o necessário,
deixando o restante ao deus-dará, e esses resíduos serão levados pelas águas do
rio, dificultando muito a limpeza do nosso Guaíba. Acredito que são pequenos
detalhes, mas importantes. Realmente temos que chamar a atenção do Poder
Público, para que possamos qualificar essa destinação, esse tratamento com
relação aos resíduos sólidos.
A senhora está de parabéns por essa luta,
para que realmente possamos ter um meio ambiente mais limpo, mais saudável e em
condições de ser usufruído por todos nós. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(O Ver. João Antonio Dib assume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. BETO MOESCH: Sra. Jussara Kalil Pires e Sra. Maria
Lúcia Coelho, parceiras de longa data nesse tema tão difícil e cada vez mais
importante numa sociedade. Como a Sra. Jussara disse, acabamos gerando não só
um volume maior de resíduos, mas novos tipos de resíduos. Temos priorizado esse
assunto aqui na Câmara de Vereadores, isso tem sido uma prioridade, não só
deste Vereador, mas de outros Vereadores, como o Ver. Darci Campani. Eu gostei
muito da manifestação dos que me antecederam, porque a Câmara de Vereadores de
Porto Alegre e Porto Alegre têm tido uma história nesse processo.
O nosso desafio é justamente qualificar,
cada vez mais, uma política municipal de limpeza urbana. Falaste num dia sem
lixo, que é interessante, para que possamos incutir melhor isso na sociedade,
que é, no fim, a responsável pela geração do volume e pelo tipo de resíduos.
Temos de mostrar a co-responsabilidade da sociedade, e não apenas do Poder
Público, para com a geração de resíduos.
Nós estamos agora estudando, para votar o
Código Municipal de Limpeza Urbana, um Projeto de autoria da Câmara de
Vereadores de 1990, para que, por exemplo, nós possamos cobrar pelo volume de
resíduo. Hoje, não se cobra pelo volume de resíduo na Cidade, cobra-se pela
propriedade, que é um desestímulo a quem quer, justamente, separar o resíduo e
quem quer, justamente, melhorar a sua relação com o resíduo que gera.
Falaste em três dias importantes, eles
dizem respeito à educação ambiental, que, ao meu ver, é outra grande falha que
nós temos aqui. Televisão, rádio e jornal, por parte do Poder Público, ou seja,
campanhas de massa são inexistentes com relação à educação ambiental em Porto
Alegre. Nós aprovamos duas vezes, para 2002 e para 2003, no sentido de que, no
mínimo, 5% da verba de publicidade fosse para a educação ambiental, mas
infelizmente ainda não conseguimos viabilizar isso.
Mas, ao trazer esse assunto, é de
fundamental importância para que nós, Vereadores, possamos continuar
priorizando um tema que diz respeito à vida e à qualidade de vida de todos nós.
Parabéns!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. DR. GOULART: Eu queria cumprimentar a Secretária
Jussara e dizer da solidariedade da Bancada do PDT nesta Casa, dos Vereadores
Nereu D’Avila, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz e Ervino Besson e deste Vereador.
Sabemos o quanto é importante para essa luta que nós temos, para a saúde da
nossa gente, a nossa luta pelo SUS, uma política adequada com relação aos
resíduos que a própria sociedade, que tem de ser defendida, produz.
O que nos chama a atenção? Chama-nos a
atenção, não só com relação à saúde, mas também no que se refere à economia.
Fritjof Capra coloca, como um dos alicerces de um melhor mundo, a separação dos
resíduos, para que sejam reciclados. Na área da saúde, vou falar, por exemplo,
do lixo hospitalar especificamente, que é a área que nos preocupa. Quando o
Ver. Beto Moesch fala em qualificação, temos que saber, por exemplo, que as
entidades que norteiam isso não têm a mesma posição em nível nacional, isso
traz um affair, um enguiço, na
manipulação e no encaminhamento do lixo hospitalar. E, aí, qual a nossa
surpresa? O Município não tem lei em relação a isso, então, tem de socorrer-se
do Estado para resolver qual das duas Associações - ANVISA ou CONAMA - estão
certas.
Então, aceite a nossa solidariedade e a
nossa preocupação, para uma melhor qualificação dessas políticas neste momento.
É a voz do PDT. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, a nossa saudação à Sra. Jussara Pires e à Sra. Maria Lúcia
Silva, Presidenta. Quero dizer que o PCdoB entende a questão dos resíduos
sólidos como um grande problema, hoje, na nossa sociedade. Isso decorre, por um
lado, da crescente urbanização, 85% dos resíduos, praticamente, concentram-se
nas cidades, o que cria um grande diferencial. A lógica do atual sistema é
chamada de lógica do desperdício, a lógica da produção em massa. Se nós
pegarmos uma caneta como esta aqui, simplesmente, a tinta escoa e todo este
material é jogado fora. Estudiosos chegaram a escrever um livro, o qual já tive
a oportunidade de ler, que se chama “A Estratégia do Desperdício”, mostrando
como os setores de marketing das
grandes empresas procuram produzir produtos que, ao terminarem a sua vida útil,
não tenham reaproveitamento, não tenham uma reciclagem. Então, o problema vai
além de nós, simplesmente, de tratarmos – acho que a senhora disse bem – o lixo
e as sobras que ficam, nós temos é que tratar sobre o sistema produtivo, que
tem uma lógica de desperdício, de criar o lixo para vender mais. Nós estamos
vendo os recursos naturais do planeta serem destruídos, por um lado, pela sua utilização
desnecessária muitas vezes e, em segundo lugar, porque ficamos um planeta
atulhado de resíduos.
Eu queria também - evidentemente a ABES
já está participando da Conferência Nacional das Cidades - lembrar que, no dia
de amanhã, na abertura, às 9 horas, com o Ministro Olívio Dutra, um tema a ser
abordado será, exatamente, a questão do saneamento ambiental e do meio
ambiente.
Parabéns pela sua vinda, pela instituição
do Dia Municipal de Resíduos Sólidos e pela luta que, há 44 anos - se
considerarmos a Seção do Rio Grande do Sul, da Associação Interamericana de
Engenharia Sanitária, que veio a dar a ABES -, vocês estarão comemorando,
agora, no dia 29. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
boa-tarde à Sra. Jussara Kalil Pires, Secretária da Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental. Falo em nome do PMDB, do Ver. Sebastião Melo,
cumprimentando pelo trabalho que vocês desenvolvem. Resíduos do serviço de
saúde são perigosos, mas que instrução têm as pessoas que viram e reviram os
lixos em nossa Cidade? Os sobreviventes da sociedade. Nós vemos, nas ruas de Porto
Alegre, carroças sendo conduzidas por dois meninos, de 10 anos, 12 anos, com
lixo, que eles vão revirar, porque não têm a mínima noção do que está
acontecendo e do que pode acontecer. A situação de Porto Alegre é a mesma do
Brasil: essa questão da educação, esse lado social, que dificulta o trabalho de
vocês, trabalho que deve ser louvado. Uma coisa é instruir pessoas das classes
A e B, pessoas que moram bem, pessoas que têm mais acesso aos sistemas de
comunicação. Outra, diferente, é nós tratarmos desse assunto tão importante,
lamentavelmente, com pessoas das camadas mais pobres da sociedade. Mas é
louvável o trabalho dos senhores, porque o tema é importante, é necessário e é
urgente.
Por isso, os nossos cumprimentos à
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Nós nos colocamos à
disposição naquilo que a gente puder fazer, naquilo que for possível. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Darci Campani
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. DARCI CAMPANI: Caras amigas e colegas Maria Lúcia
Coelho e Jussara Kalil Pires, em nome da Bancada do PT, nós gostaríamos de nos
pronunciar, apesar de termos sido o Vereador proponente do Projeto que resultou
na oficialização do Dia Municipal de Resíduos Sólidos na cidade de Porto
Alegre. Foi uma proposta que a OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde - nos
trouxe e que a Associação Interamericana de Engenharia Sanitária abraçou.
Em Porto Alegre nós pretendemos, com a
lei aprovada nesta Câmara, transformar em referência internacional de como se
faz essa discussão. Aqui na Casa têm-se discutido muito, têm-se questionado
bastante todos os processos de educação ambiental. Creio que a Casa, a partir
dessa votação, poderá ser um exemplo. A gente não pode ficar somente esperando
que o Poder Executivo ou que outros façam a educação ambiental. Esta Casa
iniciou a implantação da coleta seletiva há poucas semanas, e eu espero que a
Casa seja um bom exemplo de educação ambiental para a cidade de Porto Alegre.
Eu não poderia deixar de ressaltar neste
momento, nos poucos segundos que me faltam, a defesa de tese que está
ocorrendo, neste momento, do engenheiro Eduardo Fleck, engenheiro do
Departamento Municipal de Limpeza Urbana. É mais um engenheiro do DMLU que se
qualifica com o grau de Mestre, o que demonstra que a cidade de Porto Alegre
tem condições de fazer o gerenciamento da qualidade de seus resíduos, assim
como tem feito.
Eu acho que o tema proposto, de redução
da produção, é o tema que melhor cabe, exatamente, nessa conjuntura, em que o
Brasil somente experimenta redução quando a atividade econômica cai. Isso a
gente sente direto nos aterros, nos locais de destinação de resíduos da cidade
de Porto Alegre. E as estatísticas demonstram que, quando a economia cai,
também a produção de resíduos é reduzida, mas toda e qualquer movimentação no
sentido de redução real é um movimento muito importante para a sustentabilidade
da nossa sociedade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães
está com palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sra. Jussara Kalil Pires
e Sra. Maria Coelho, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental - ABES/RS. Assunto: Dia Municipal de Resíduos Sólidos. Já exposta
aqui, é uma preocupação comum da sociedade a questão ligada à destinação, ao
tratamento dos resíduos sólidos, do lixo. Na nossa opinião, não há outra
alternativa senão criarmos a conscientização, por um processo de massificação
educativa, pedagógica, começando nas escolas, porque o lixo passa a ser, para
determinados países, com as tecnologias que possuem, não um problema, mas uma
solução, pois as tecnologias permitem a sua transformação. Nos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento nós temos, exatamente, o lixo como um
problema que tem de ser administrado. A base dessa administração,
inquestionavelmente, é um processo de massificação na educação da população de
um modo geral, começando pela criança, porque isso vai facilitar
significativamente e vai trazer economia para o próprio Município, de resto
para a Nação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais oradores
inscritos. Quero dizer da minha satisfação de muitas vezes ter participado de
atividades da ABES, pelas funções que exerci, por isso, sei avaliar a
importância dessa entidade. Agradeço a presença da sua Presidenta, Dra. Maria
Lúcia Coelho Silva, e da Secretária, Dra. Jussara Kalil Pires. Saúde e paz para
ambas!
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h47min.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib - 14h49min): Estão
reabertos os trabalhos.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com
aparte)
1.ª
SESSÃO
PROC. 3211/02 -
SUBSTITUTIVO N.º 01, que institui, no Município de Porto
Alegre, o programa que se denominará “Disque Solidariedade” e dá outras
providências, ao PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 201/02, ambos de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia.
PROC. 4295/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 305, de autoria do Ver. Zé
Valdir, que denomina Rua Santa Rosa de Lima um logradouro público cadastrado,
localizado no Bairro Rubem Berta.
PROC. 4363/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 326/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que institui o Dia do Irmão no Município de Porto Alegre.
PROC. 4412/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 340/03, de autoria da
Ver.ª Maria Celeste, que denomina Rua Atalicio Ferreira de Borba um logradouro
público não-cadastrado, localizado no Bairro Mário Quintana.
PROC. 4418/03 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 016/03, de
autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que altera a Lei Complementar n.º 12, de
07 de janeiro de 1975, que institui posturas para o Município de Porto Alegre e
dá outras providências.
PROC. 4501/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 344/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Capitão Rui de Vargas um logradouro
público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4513/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 345/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Praça Nestor Lopes um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Aberta dos Morros.
PROC. 4519/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 346/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Adda Luiza Eifler Cordeiro um
logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi. Com Emenda n.º 01.
PROC. 4581/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 351/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua do Pampa um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4590/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 353/03, de autoria do
Ver. Beto Moesch, que denomina Rua Hermann Mathias Görgen um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4609/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 354/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Serra da Capivara um logradouro
público não-cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4610/03 - PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 355/03, de autoria do Ver.
João Carlos Nedel, que denomina Rua Serra da Mocidade um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4688/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 358/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Lagoa do Peixe um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4689/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 359/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Serra do Cipó um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4690/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 360/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Fernando Paza um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4699/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 362/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Alfonso Klüsener um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4743/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 363/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça Parque Reserva do Açungui um
logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
5.ª
SESSÃO
PROC. 4413/03 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 082/03, de autoria da Mesa
Diretora e Lideranças, que altera o texto em vigor da Resolução n.º 1.178, de
16 de julho de 1992 (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre). Com Emendas nos 01 a 07.
PROC. 4506/03 -
PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 002/03, de autoria da
Mesa Diretora e Lideranças, que dá nova redação ao inciso V do art. 57 da Lei
Orgânica do Município de Porto Alegre.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A primeira inscrição é
a da Ver.ª Maria Celeste.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Vereador, nós tínhamos um acordo com a
Ver.ª Maria Celeste, de que inverteríamos a posição, e que ela se inscreveria
em primeiro lugar, em função de que eu não tinha certeza se estaria presente
neste momento. Esse foi o acordo que nós fizemos quando das inscrições.
(Pausa.) Sr. Presidente, eu acabo de abrir mão de tudo.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.)
Ausente. O Ver. Darci Campani está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente, demais colegas Vereadores
presentes, eu me inscrevi por uma preocupação principalmente com relação a um
Projeto que trata de Emenda à Lei Orgânica, Projeto de Lei da Mesa Diretora.
Pediria ao nosso Presidente alguns esclarecimentos, ou ao Ver. Elói Guimarães,
que, como jurista, me poderia esclarecer alguma coisa, já que este é um momento
em que pode haver apartes.
O Projeto de Emenda à Lei Orgânica
apresentado pela Câmara acrescenta um parágrafo ao art. 57 da Lei Orgânica. (Lê
art. 57.) “Art. 57 - É de competência privativa da Câmara Municipal: ...V –
julgar anualmente as contas prestadas por sua Mesa e pelo Prefeito;...”
A Mesa Diretora e o Colégio de Líderes
apresentam, para apreciação, esse Projeto, que altera a proposta, visando
adequar a Lei Orgânica em virtude de mudança ocorrida no processo de julgamento
das Contas das Mesas Diretoras das Câmaras Municipais.
Só pela redação, eu fiquei um pouco
preocupado, porque julgar, anualmente, significa que todos os anos serão
julgados. O que eu sempre soube, a não ser que tenha mudado, as contas,
inicialmente, são apreciadas pelo Tribunal de Contas que emite um parecer e
manda para a Câmara Municipal. Só que entre o emitir o parecer e vir para a
Câmara, não vai haver esse período anual, as contas são anuais, mas elas não
são julgadas anualmente. Às vezes há ano em que vem dois ou três anos de
prestação de contas do Executivo. Então, eu não sei se a redação está certa ou
se há alguma alteração que está sendo introduzida pela nova Lei de
Responsabilidade Fiscal.
O
Sr. Elói Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Darci Campani, eu não tive a oportunidade de examinar a
referida matéria, nem sei quem é o autor...
O
SR. DARCI CAMPANI: É da Mesa, todos assinam.
O
Sr. Elói Guimarães: A dificuldade toda está em que o Tribunal
de Contas é um órgão técnico, que tem como função auxiliar a Assembléia
Legislativa e, de resto, as Câmaras Municipais. E eu vejo com grande
dificuldade essa possibilidade, porque nós só podemos trabalhar na matéria, na
espécie, após o encaminhamento de uma análise, de uma decisão, de um parecer do
Tribunal de Contas. Se esse não vier, na minha opinião, nós não temos condições
materiais, jurídicas, do ponto de vista orgânico, constitucional, de fazer
julgamento de conta, porque há um pressuposto estabelecido na ordenação
jurídica de que o Tribunal precede à decisão, ao julgamento da Câmara ou da
Assembléia Legislativa. O pressuposto é de ordem constitucional.
O
SR. DARCI CAMPANI: A justificativa da Exposição de Motivos
diz que visa adequar, retirando da CEFOR, hoje, essa incumbência, passando para
o Plenário da Câmara. Agora, eu acho que realmente caberia uma melhoria na
redação, porque julgar anualmente significa que todos anos vamos julgar, e não
se trata de julgar anualmente, trata-se, a cada vez, conforme o próprio Ver.
Elói nos informa, porque era o que a gente tinha de conhecimento. A cada vez
que há o parecer do Tribunal de Contas, nós podemos, em cima desse parecer,
julgar, mas ele poderá não ser necessariamente anual.
O
Sr. Elói Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Entendo, Vereador, que o parecer do Tribunal de Contas é uma condicio sine qua non, ou seja, uma
condição sem a qual nós aqui não podemos julgar.
O
SR. DARCI CAMPANI: Só alertando, como se trata de uma proposta
da Mesa, com a assinatura inclusive de todos os Líderes partidários, a gente
tem de melhorar a redação, para não aprovarmos aqui dessa forma. Como existem
assinaturas de bom peso, de repente, pode passar despercebido por nós esse
detalhe e podemos aprovar alguma coisa que ainda possa nos criar dor de cabeça.
Agradeço e solicitaria essa atenção. Vamos tentar nos debruçar sobre a matéria
para ver se a gente consegue propor essa melhoria na redação. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Comunico à Casa que o
Ver. Reginaldo Pujol está representando a Câmara na Instalação e Posse da
Comissão Especial de Trânsito, no Auditório
Guilherme Schutlz Filho, na Sede da Ordem dos Advogados do Brasil.
A Ver.ª Maristela Maffei está com a
palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver. Ervino Besson está com
a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, senhoras e senhores que nos assistem pela TVCâmara e aqui nas galerias,
eu queria saudar a todos. Na 1ª Sessão de Pauta, há dois Projetos de autoria
deste Vereador. O PLL nº 345/03 denomina Praça Nestor Lopes um logradouro
não-cadastrado, localizado no bairro Aberta dos Morros. Este Projeto é um
pedido familiar, pedido da comunidade, por tudo que esse cidadão representou na
sua trajetória, no seu trabalho, na sua luta, pela sua liderança, sempre
voltado ao trabalho junto à comunidade. E nada mais justo do que esta Casa -
por iniciativa deste Vereador - votar e aprovar este Projeto que, como já
disse, é o reconhecimento do seu trabalho e da sua luta pela comunidade mais
carente e mais necessitada da Zona Sul de Porto Alegre. É, portanto, um
merecimento esta Casa votar e aprovar este Projeto em homenagem a esse grande cidadão,
por tudo que ele fez na sua passagem nesta vida, neste planeta Terra.
O segundo Projeto, em 1.ª Sessão de
Pauta, de autoria deste Vereador, PLL nº 326/03, institui o Dia do Irmão no
município de Porto Alegre. Nós temos o Dia dos Pais, o Dia das Mães e nada mais
justo do que nós aqui instituirmos o Dia do Irmão, é um complemento de uma
homenagem familiar, se temos o dia do pai, o dia da mãe, e o irmão? O irmão é o
complemento da família. Estou vendo os nobres jovens nas galerias desta Casa
fazendo sinal de positivo. Que bonito, incentiva vermos isso de irmãos, pois de
parte do nosso Superior, lá de cima, todos somos irmãos!
Eu tenho dois filhos, e a diferença de
idade entre um e outro é de quase 11 anos. Eu tenho um filho homem e uma filha
mulher, e muitas vezes o meu filho mais velho dizia-me: “Pai, eu preciso de um
irmão ou de uma irmã!” Deus foi tão bom para mim – por orientação médica, minha
esposa não poderia mais ter filhos -, Deus me deu a graça de, depois de quase
11 anos, vir uma irmãzinha! Que complemento da família! Que bonito, quando
chegar esse dia e nós pudermos reunir o pai, a mãe e o irmão! É uma festa
completa!
Eu reforço este pedido, porque tenho dito
sempre desta tribuna que gosto muito de ouvir a comunidade, foi um pedido feito
também pela comunidade, principalmente lá na minha paróquia, que é a Paróquia
Santa Luzia, paróquia do Padre Alfredo. Quantas vezes me pediram: “Pô,
Vereador, entra lá com um projeto de lei para criar o Dia do Irmão! Que bonita
festa vai ser, um dia em que se possa festejar junto: o Dia do Pai, o Dia da
Mãe e o Dia do Irmão”. Portanto, está aqui o Projeto...
(Aparte anti-regimental do Ver. João
Bosco.)
O
SR. ERVINO BESSON: Pois é, não tenho dúvida, também é um
complemento da família, Ver. João Bosco. Há o Dia do Avô... Muito obrigado,
Ver. João Bosco Vaz. Então, é um complemento familiar. Há o Dia do Vizinho; que
bom, eu acho que isso faz parte de uma confraternização familiar!
Leio a justificativa do Projeto, na
Exposição de Motivos: “A data escolhida é o segundo domingo do mês de junho,
visa ressaltar o espírito da fraternidade entre as pessoas, uma vez que nessa
época do ano muitos necessitam de agasalhos para suportar as baixas
temperaturas do inverno. Dessa forma, o espírito de irmandade entre os munícipes
da Capital dos gaúchos estaria incentivado para que se possa, nesse dia,
festejar o Dia do Irmão.”
Portanto, está aqui a
proposta deste Vereador. Aguardo que esta Casa, por unanimidade, vote a favor
do Dia do Irmão, porque, no nosso entender, será um dia em que a gente poderá
confraternizar, abraçar e, de repente, será um Projeto que conseguirá unir
muitas dessas famílias que vivem algum problema, pois nós sabemos que hoje a
família está um pouco desunida. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está
com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, nós temos, hoje, 19 Projetos em Pauta, dos quais 14 são nomes de
rua e, desses 14, dez são proposições do Ver. João Carlos Nedel. Eu tenho uma
proposição. Não é do meu feitio apresentar nome de rua, porque acho que é uma
questão muito séria; eu tenho falado aqui várias vezes.
Quero também alertar a Casa que o excesso
de dias para homenagens acaba por esvaziar o próprio sentido. Pelos meus
cálculos, temos o Dia das Mães, o Dia dos Pais, está faltando o Dia do Tio, o
Dia do Cunhado, o Dia do Compadre, o Dia do Visitante, o Dia do Colega.
O
Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vossa Excelência não se apoquente, como diz o artista, pode
aparecer.
O
SR. ZÉ VALDIR: Eu acho que acaba por esvaziar o próprio
sentido da homenagem quando nós exageramos, porque, se é uma coisa para
distinguir, generalizando, acabamos não distinguido nada.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
apresentei, como já disse, não é do meu feitio, uma proposição para mudar, na
verdade, o nome de uma rua: a rua chamada Beco das Moças, na Vila Santa Rosa.
Por que eu estou apresentando este Projeto? Esta idéia foi-me sugerida diversas
vezes por moradores da Vila Santa Rosa e por moradores da própria rua. Eu tenho
relutado muito, mas, ultimamente, aumentou demais o número de pessoas,
moradores da rua ou das redondezas, que me procuraram com essa preocupação de
mudar o nome, fazendo diversas argumentações, parte das quais, eu coloquei na
justificativa. Acabei, por fim, me convencendo e apresentando este Projeto.
Por quê? Porque o nome Beco das Moças
remonta à origem da Vila Santa Rosa, quando aquele logradouro, de fato, tinha
um pouco as características de beco, porque era irregular, não era calçado,
tinha partes extremamente estreitas. Com o tempo, aquele Beco, a partir,
principalmente, de 1990, quando foi feito o calçamento de toda a Vila Santa
Rosa, aquele logradouro se transformou em uma rua comum, asfaltada como
qualquer outra, inclusive uma das opções do trânsito que vem do Parque dos
Maias. E essa denominação Beco das Moças tem se prestado, ela vem se prestando
ao longo do tempo, também, para conotações de natureza pejorativa, explorações
jocosas, que acabam prejudicando os moradores nos seus direitos a terem uma
identidade, a serem tratados com dignidade. Esses argumentos, depois da sua
reiterada justificativa por diversos moradores, convenceram-me de que era
necessário mudar o nome dessa rua.
A sugestão, depois de muita consulta, foi
de homenagearmos a Igreja Santa Rosa de Lima, que é uma das instituições mais
antigas, denominando o nome de Rua Santa Rosa de Lima, até porque Rua Santa
Rosa já existe em Porto Alegre. Fizemos uma consulta, um abaixo-assinado em
toda a Vila, ficamos um dia inteiro conversando com os moradores, para, de
fato, conferirmos se essa era a vontade dos moradores. E a nossa convicção
transformou-se em certeza, quando praticamente a unanimidade dos moradores,
apenas três deixaram de assinar, porque acharam que essa questão lhes era
indiferente, os demais, todos os moradores, com exceção desses três, todos
assinaram o abaixo-assinado e consideraram que a idéia de trocar o nome da rua
e homenagear a Paróquia Santa Rosa de Lima, que é uma das instituições mais
antigas, era uma idéia feliz, necessária e urgente. Por isso, nós estamos
trazendo esta proposição que, na verdade, é um desejo da comunidade da Vila
Santa Rosa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa tem ouvido,
reiteradas vezes, tem lido, também, que os Vereadores fazem denominações de
ruas e que não é uma coisa importante. Eu gostaria que aqueles que afirmam
assim perguntassem para quem mora na rua A, B, C, na rua 1, 2, 3, se é
importante ou se não é importante, até para a própria vida da Cidade e para os
Correios e Telégrafos, especialmente.
(Aparte anti-regimental do
Ver. Zé Valdir.)
Nobre Vereador, eu não disse para V.
Exa., pelo amor de Deus. Eu acho que falo português claro e falo com muita
simplicidade, talvez, com isso, eu complique a vida de alguém.
Apregoamos a Emenda nº 09, de autoria da
Presidência, ao PR nº 082/03: (Lê.) “Inclui parágrafo onde couber no art. 120
do Regimento, cuja alteração consta do inciso XXVII do art. 1º do Projeto, como
segue: ‘Art. 120... Parágrafo: Os requerimentos de destaque, mencionados no
inciso VI deste artigo, deverão ser entregues na Diretoria Legislativa até o
último dia anterior à data prevista para votação das leis orçamentárias’”.
Apregoamos a Emenda nº 08, de autoria da
Presidência, ao PR nº 082/03: (Lê) “Dá nova redação ao art. 2º do Projeto, como
segue: ‘Art. 2º: Ficam revogados o inciso VI do art. 37, alínea f do parágrafo
único do art. 90 e o parágrafo 3º do art. 134 da Resolução nº 1.178, de 1992, e
alterações posteriores, e a Resolução de Mesa e Liderança nº 2, de 24 de março
de 1995’”.
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir a Pauta. (Pausa.) O Vereador está em representação da Casa. O
Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver. João Dib, demais Vereadores e
Vereadoras e todos que nos assistem. Queremos, em primeiro lugar, com
brevidade, dizer que temos concordância com o Projeto de Lei Complementar do
Ver. Carlos Alberto Garcia, no sentido de criar uma exigência de plebiscito
para todo e qualquer cercamento de praças, jardins, largos, parques e assim por
diante.
Castro Alves já disse: “que os céus são
do condor, assim como a praça é do povo”. Nós compreendemos que esta tendência,
hoje, devido ao problema de segurança, de cercar o Parque da Redenção, de
cercar as praças, os largos, não é um bom caminho. Às vezes, inadvertidamente,
pode-se até, premido pelo problema da segurança, Ver. Wilton Araújo, ir nesse
rumo. Então, creio que a população deve ser escutada, e é nesse sentido o
Projeto do Ver. Garcia.
A outra questão que iremos tratar é com
relação ao Projeto de Resolução nº 082/03, da Mesa Diretora e Lideranças, que
altera o nosso Regimento. Outro dia, já fiz algumas considerações, mas o tempo
não me permitiu tratar de todos os aspectos que nos preocupam. Em primeiro
lugar, o inciso XXIX, que altera o art. 126. Por meio da alteração proposta é
firmado que as mudanças que digam respeito ao Regimento não poderão ser
aceleradas por intermédio do artigo 81. Por que existe o artigo 81? O artigo 81
é para evitar que, nas Comissões, com diligências que se sucedem, um
determinado projeto possa ser bloqueado. É o direito do autor, passados 30
dias, de exigir que ele venha para a Ordem do Dia. O art. 81, da Lei Orgânica,
é claro quando diz que o autor tem o direito de solicitar que qualquer
proposição venha para a Ordem do Dia.
Em primeiro lugar, não
cabe, em uma mudança de Regimento, alterar, Ver. Luiz Braz, a Lei Orgânica. Se
quiserem, temos de alterar a Lei Orgânica.
Em segundo lugar, creio
que o mecanismo é justo. Acho que poderíamos, por exemplo, fazer uma
modificação – contariam como meu apoio - no sentido de que não sejam 30 dias,
porque há as tramitações nas Comissões, Procuradoria, pautas e não há prazo.
Concordo com a mudança na Lei Orgânica, talvez, do Regimento, que é a nossa
Constituição, e deva ter, dentro do possível, a tramitação. Acho que um projeto
tramitar por, pelo menos, 90 dias, está mais do que adequado. Agora,
simplesmente, retirar qualquer mecanismo, acho problemático. Então,
possivelmente, farei uma emenda nesse sentido, mas quero socializar a
preocupação. Vale para as mudanças na Lei Orgânica e vale para as mudanças no
Regimento.
Uma outra questão é no inciso XXXII,
quando trata dos Atos Solenes, que são uma forma mais simples, que não exigem
uma Sessão Solene, inclusive muitas vezes tenho feito uso deles, mas, da forma
como está colocado, simplesmente passa a ser um problema de cada Gabinete, acho
inadequado. Afinal, é uma decisão da Casa quer o Ato Solene quer a Sessão
Solene. Então, a estrutura da Casa tem de contribuir. Podemos discriminar,
porque uma Sessão Solene é uma situação, e o Ato Solene é outra situação, mas
não “lavar as mãos” completamente. Então, tira-se tudo que é Ato Solene desta
Casa, se a Casa não tem nada a ver, passando a ser um problema do Gabinete do
Vereador. Então, ele faz uma reunião e não precisa da Casa. Acho que há um
equívoco aqui.
Outra questão que chamo a atenção é de
que o Grande Expediente é intransferível. Por quê? De repente, um determinado
Grande Expediente cai no Dia do Soldado, e, é evidente, o Ver. Pedro Américo
Leal, que tem uma identidade maior, vai negociar comigo: “Quando for o meu
Grande Expediente, eu troco com Vossa Excelência.” Acho que o Grande
Expediente, como as Comunicações, deve permitir acerto entre os Vereadores.
Para concluir, não vai ser possível
definir bem, existe aqui que: “A Mesa fixará, por meio de Resolução, cota anual
para custeio de passagem e diária aos Vereadores em representação, e assim por
diante”. O que passar da cota - e concluo - seria por decisão do Plenário. Eu
acho que pode ter a decisão do Plenário, mas acho que a cota mensal que nós
temos, quando aprovada pela Casa, pode ser utilizada para isso. É uma questão
sobre a qual me estenderei, possivelmente, no arrazoado da Emenda que farei.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu acho que é preciso
no Regimento uma Emenda, no sentido de que, cumprido o tempo, o microfone seja
desligado. Aí vai melhorar bastante.
O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra
para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Elói Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Sebastião Melo está com
a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente do nosso Legislativo
Municipal, insigne Ver. João Antonio Dib; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores,
nesta discussão preliminar de Pauta, nós priorizamos dois Projetos para
discutir.
O primeiro deles é de autoria do Ver.
Carlos Alberto Garcia, com Substitutivo do próprio autor, instituindo no
município de Porto Alegre o programa que se denominará “Disque Solidariedade”.
Ver. Wilton Araújo, se esse Projeto já estivesse aprovado, quem sabe não
tivesse acontecido o que aconteceu aqui na frente da Câmara. Nós teríamos
solidariedade, e as pessoas que foram despejadas, às 6 horas, a mando
militar... Se nós tivéssemos o Projeto Disque Solidariedade, talvez isso não
tivesse acontecido. Esta Cidade tem muita solidariedade do Poder Público no
discurso, mas, na prática, isso não tem acontecido. Então, quem sabe esse
Projeto possa contribuir para, efetivamente, sensibilizar os órgãos governamentais
especialmente com relação às camadas com maior dificuldade econômica e social
na cidade de Porto Alegre. Então, esse Projeto do Ver. Carlos Alberto Garcia
vai proporcionar à Casa, Ver. Luiz Braz, uma discussão. Nós temos visto muita
solidariedade no discurso da Frente Popular, mas ela, na prática, tem sido
extremamente excludente na cidade de Porto Alegre, tem feito uma administração
muito fiscalista, conservadora e jogando muito para a platéia, marqueteira,
usando muito bem o marketing. Falta
solidariedade, sim, para o nosso trabalhador da SMOV, pois cortaram dele o
leite. Falta solidariedade. Mas a solidariedade é aplicar nos recursos fortes,
na propaganda.
Também está em Pauta - acho que é a
ultima Pauta, Sr. Presidente - Projeto que visa remodelar o nosso Regimento.
O Ver. Raul Carrion
pondera algumas questões, e acho que o debate justamente proporciona que a
gente possa, agora, fazer uma peneirada. Eu diria, Ver. Raul Carrion, que há
algumas questões pontuais que precisam ser corrigidas, no conjunto, acho que
vêm, aqui no bojo, boas alterações para agilidade dos trabalhos desta Casa.
O primeiro eixo que se deve, Presidente João Antonio Dib,
destacar, quando V. Exa. instituiu essa Comissão, é que a Casa não deixa de
fazer homenagem, mas ela diminui esse ritmo de homenagens, fica um pouco mais
endurecida nesse campo e proporciona que a gente adentre mais às questões que
dizem respeito ao dia-a-dia do cidadão porto-alegrense.
Ver. Wilton Araújo, acho que a
instituição de 20 minutos no Grande Expediente com uma única inscrição é um
ganho. É um ganho, porque vai proporcionar que os Vereadores possam preparar
antecipadamente - sabendo o dia da sua inscrição - temas com maior
profundidade. Poderemos levar à população da Cidade, especialmente ao nosso
telespectador da TVCâmara - há um grande número de pessoas que a assistem -, a
posição do Partido sobre uma determinada matéria, a posição do Vereador sobre
uma determinada matéria, pois muitas vezes nos cinco minutos não é possível
fazer um raciocínio. Esse é um ganho que acho muito importante, se aprovarmos
este dispositivo do Regimento.
Portanto, tenho absoluta certeza de que
muitas Emendas... Eu volto à Emenda do Ver. Haroldo de Souza, que foi muito
oportuna na minha avaliação, de fazer corrido terça, quarta e quinta-feira a
realização das Sessões plenárias. Eu quero dizer que vai contar com o meu voto,
com a minha defesa, porque ficaríamos nas Comissões segundas e sextas-feiras. A
experiência de trazer a Sessão de sexta para quinta-feira foi uma boa experiência,
acho que a Casa está produzindo muito mais do que nas Sessões que eram
realizadas nas sextas-feiras. Tenho firme compreensão disso, Ver. Luiz Braz.
Acho que agora, num segundo momento, nós poderíamos avançar, fazendo as Sessões
na terça, quarta e quinta-feira corrido, nós ficaríamos com as Comissões
segundas e sextas-feiras. Muito obrigado, Sr. Presidente, não excedi nenhum
minuto a mais.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Está encerrada a
discussão de Pauta.
O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, João Antonio Dib; Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, traz-me a esta tribuna, em Comunicação de Líder,
Ver. Sebastião Melo, um assunto que está monopolizando as atenções do País
todo, que diz respeito à minha profissão de jornalista. Refiro-me à questão,
Ver. Pedro Américo Leal, envolvendo o apresentador Gugu Liberato, do SBT, que
montou uma farsa no seu programa, em busca de IBOPE, em busca de prestígio, contratando
dois atores da pior qualidade e colocando os dois como se fossem representantes
do PCC. E lá ficaram eles ameaçando colegas meus, jornalistas, e outras
celebridades.
O que eu quero ressaltar nesta
Comunicação de Líder é que determinadas pessoas estão confundindo o que é
censura à imprensa. Quando se manda tirar do ar um programa, proíbe-se que vá
ao ar o programa em função de fatos gravíssimos, isso não é censura; isso é uma
censura ao mau profissional, é uma censura ao péssimo jornalista – tem de ser
feita mesmo. O péssimo jornalismo, que engana, que incentiva a violência, que
atinge a família, que atinge o cidadão, que atinge a cidadã, tem de sair do ar
mesmo, não pode ir ao ar. Um apresentador que mente várias vezes, dizendo que
não sabia o que ia no ar! Mas como não sabia?
Eu tenho um programa de televisão, não
vai nada ao ar sem que passe por mim! Não vai nada ao ar sem que passe por mim!
Qualquer apresentador de televisão, quando chega na emissora, se não participou
da pauta do seu programa... Eu muitas vezes não participo da pauta, mas, quando
chego na televisão, digo: “Onde está o espelho do programa? Quem é que vem aqui
hoje?”, respondem-me: “É o fulano”, eu pergunto: “Mas quem é o fulano? Ele vem
de onde? Qual é o assunto?”
Então, não venham com esse papo de
cerceamento à imprensa. Não. Isso é combater, e há que tirar do ar esse
programa por mais tempo! Por mais tempo! Porque foi uma farsa vergonhosa.
Olhem, eu me envergonho como jornalista. Nunca havia visto isso. Eu me
envergonho, como jornalista profissional, de ter um colega que se preste a
fazer esse tipo de coisa, e o pior: não assume, Ver. Pedro Américo Leal, não
assume! Ele repassa a sua responsabilidade a outros colegas jornalistas,
querendo fugir. Mas a Justiça está sendo firme. A Justiça está sendo firme.
Ontem mesmo, ele foi convidado para ir à Assembléia paulista e não foi! Mandou
uma carta, mas vai depor nesta quinta-feira na delegacia e vai ter de explicar.
Isso é uma vergonha, vai ser indiciado e muito bem indiciado! Esse apresentador
vai ser indiciado e muito bem indiciado, porque envergonha a classe dos
jornalistas. E, olhem, é difícil, quando todos nós - profissionais ou não da
mídia - queremos qualificar a programação de televisão, brigamos por programas
de qualidade, vem uma rede potente de televisão, como é o SBT... E ainda vem
com liminar, tentando colocar no ar o programa, depois de uma farsa que
envergonhou este País. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, amanhã de manhã, às 10h30min, serei recebido pelo Prefeito
Municipal, que me concederá uma audiência, quando pretendo levar a Sua
Excelência um conjunto de dados e informações acerca da Pista de Eventos, cujas
primeiras medidas já estão sendo tomadas ali no Porto Seco.
Nós já nos manifestamos sobre a matéria.
Tivemos a oportunidade de participar da Semana Farroupilha em diferentes
momentos, e participando, também, da Semana da Pátria, conversando com
militares, conversando com o pessoal ligado ao Movimento Tradicionalista
Gaúcho, ao Acampamento Farroupilha, à própria Brigada Militar, cada vez mais,
nos convencemos de que a Avenida Perimetral e o Acampamento Farroupilha estão
apropriados por esses dois eventos, grandes eventos, grandes manifestações, a
ponto de, este ano, vejam bem, se construir aqui na Perimetral, arquibancadas,
a exemplo do carnaval; talvez este ano menos, mas no ano que vem... Até porque
foi o maior desfile da história da Perimetral em matéria de movimento cultural,
militar e tradicionalista. O desfile iniciou às 9 horas e só foi terminar
próximo das 15 horas, tal o volume de manifestações, não só o desfile militar,
como, de resto, o desfile tradicionalista, com carros, envolvendo um desfile
temático. Não saberíamos dizer, mas passaram, talvez, um milhão de pessoas,
Ver. Wilton Araújo, entre o Acampamento Farroupilha e o desfile do dia 20 de
setembro. Então, está exatamente apossado pelo Movimento, enfim.
O que irá acontecer? Uma brutal
discriminação ao carnaval, porque vai acontecer - me cobrem amanhã - que se faz
a Pista de Eventos lá no Porto Seco e daqui ninguém retira o Acampamento
Farroupilha. Outro dia, eu disse: “Nem que a vaca tussa”, vão tirar o
Acampamento Farroupilha. Os militares não saem daqui por uma questão de
logística dos quartéis. Os tradicionalistas não saem. Constrói-se no Porto
Seco, gasta-se dinheiro e vai-se ter o quê? Uma passarela do samba, uma
passarela do carnaval no Porto Seco, e o desfile ficará aqui.
Então, vou ao Prefeito Municipal levando
dados, elementos para que ele segure, até porque - e todos sabem - muitas
escolas de samba não querem, fazem porque muitas vezes não querem se
incompatibilizar.
Então, fica aqui a nossa manifestação.
Amanhã iremos ao Prefeito, vamos bater muito nessa tecla, porque não é possível
que, amanhã, venha um novo Prefeito, seja quem for, e diga: "Olha, pressão
daqui, pressão dali, vamos construir uma Pista aqui." E fica uma Pista
aqui e uma outra Pista lá no Porto Seco. Isso aí é dinheiro a que nós não
podemos nos dar o luxo. Nós temos dificuldades financeiras. Porto Alegre, o
Estado e o Brasil têm dificuldades financeiras. Portanto, amanhã, estarei com o
Prefeito e vou continuar nessa campanha, batendo, como a água que bate na pedra
dura até que um dia fura. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, senhoras e senhores que nos assistem tanto na assistência quanto no
Canal 16, chama-nos a atenção na tarde de hoje três assuntos. Dois assuntos já
foram tratados e um nós vamos trazer a esta tribuna.
Em primeiro lugar, queremos nos
solidarizar com a posição do Ver. João Bosco Vaz no sentido de mais
responsabilidade da imprensa. Nós achamos que deve ser importante a
responsabilidade e a responsabilização daqueles que fazem a má imprensa. É
preciso desencorajar essa imprensa que está aí surgindo, só com apelos dos mais
diversos, tanto na violência sexual como em outros. Eu acho que tem de ter uma
linha, e essa linha, penso, deve ser seguida para o bem da nossa comunidade.
O segundo assunto trouxe o Ver. Elói
Guimarães à tribuna desta Casa, ele evidencia algo que, de há muito, toda a
comunidade carnavalesca e a comunidade de Porto Alegre vêm assistindo. São 13
anos, Ver. Elói Guimarães, de inconseqüente discussão e má vontade administrativa
e política da Administração Popular, que não quis, durante todo esse tempo,
definir o local da Pista de Eventos populares, do Sambódromo, e ficou aí a
discutir. Uma comunidade “colocava o bode” na sala de um lado, “colocava o
bode” na sala de outro lado; a comunidade dizia que sim em parte, e que não à
outra, e vimos demonstrações de incompreensão e muitas vezes até de racismo. E
vem, então, esta Administração levando essa “onda” com a barriga há 13 anos. Há
13 anos! E, agora, neste ano pré-eleitoral, o Prefeito Verle vai à Pista, aqui,
no carnaval, e anuncia, formalmente, que no próximo ano, no ano de 2004, será
realizado o carnaval na Pista de Eventos definitiva no Porto Seco. Desmentem o
Prefeito as atitudes, licitações e obras executadas. Primeiro, porque não sei
se por incompetência ou por falta de habilidade ou de tempo, acontece que
nenhuma empresa se habilitou para as licitações que foram colocadas na rua.
Será que houve algum problema no projeto? Será que há algum problema com as
empresas? Será que há algum problema com o preço? Ou simplesmente é aquela
velha história dos treze anos? Sempre tem alguma coisa que impede a construção
da Pista de Eventos. Se não é uma comunidade que se levanta contra, é outra, e
hoje são as empresas que se levantam contra, parece.
Então, tudo vem contra a construção da
Pista de Eventos. Fica a pergunta, muito séria: é a Administração que não tem
esse objetivo sério, sincero? Será que mais uma vez esta Administração consegue
colocar um biombo, uma desculpa, Ver. Elói Guimarães, para a não-construção?
O Ver. Elói Guimarães coloca uma
preocupação que também é minha. No último ano da Administração, pelo que se vê,
pelas pesquisas e pelo que anda no ar, não se repetirá a Administração Popular
na próxima Legislatura. Será que, em um ano, vamos colocar em jogo tudo isso?
Há que se pensar muito sobre isso, mas há que se pensar, também, Ver. Elói
Guimarães, se a sua atitude - que sei que é sincera, com o objetivo de
preservar o erário municipal e dar conseqüência ao dinheiro gasto - não poderá
também servir de biombo e escudo para a não-construção da Pista. Mais uma
desculpa.
Então, coloco a preocupação da comunidade
carnavalesca que, mais uma vez, fica e teme ficar de lado, à margem, como sói
acontecer nos últimos treze anos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, na Sessão de segunda-feira, o Líder do Governo neoliberal do Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva, Ver. Marcelo Danéris, subiu a esta tribuna para
fazer fartas acusações ao Governo do Estado, especialmente ao Governador
Germano Rigotto, Governador que honra o Rio Grande, especialmente ao PMDB. Ele
fez o discurso, Ver. Pedro Américo Leal, sob a orientação do ex-Ministro
Ricúpero: o que é bom para o PT a gente divulga, o que não é bom para o PT a
gente esconde.
Eu considero a assessoria do PT uma das
melhores assessorias desta Casa, mas eu acho que eles não estão assessorando
bem o Líder da Bancada. Eu queria chamar a atenção disso, Ver. Elói Guimarães.
Ele usou a pesquisa da Brasmarket, dizendo que o Governador Rigotto está em
décimo nono. E eu fui lá, Ver. João Bosco Vaz, porque eu gosto da boa pesquisa
e da boa luta, fazer a busca dessa pesquisa e verifiquei que foram pesquisados
os governadores e os prefeitos das capitais. E, então, aponto alguns: o
Prefeito de Belo Horizonte, Sr. Fernando Pimentel, é o 25º na pesquisa, é do
PT; Sr. João Paulo de Lima, de Recife, é o 23º; o Sr. Edmilson Rodrigues, de
Belém, 22º; e aí tem aquele prefeito que, depois da ditadura, é o único
prefeito biônico que há no País, o Sr. João Verle, em 19º. Está aqui, décimo
nono!
Ver. Marcelo Danéris, V. Exa. está mal
assessorado; V. Exa. está colocando em risco a Liderança do Governo; V. Exa.
vem fazer o "discurso do Ricúpero" aqui; fazer crítica a um Governo.
E fez mais! Ele está seguindo a linha da Luciana Genro, porque ele atacou,
aqui, um empresário gaúcho da maior magnitude, dizendo que o Governo do Estado
está dando dinheiro para a Gerdau. Mas o que eu sei, até que me provem ao
contrário, é que o Dr. Gerdau faz parte do Conselho do Lula e é muito ouvido
pelo Governo da República; é um homem de bem, um homem sério. Vossa Excelência
está tropeçando! João Verle, Prefeito biônico desta Cidade, porque não recebeu
nenhum voto, é décimo nono na lista dos cotados pela mesma pesquisa utilizada
para fazer crítica ao Governo Rigotto.
Eu vou mais além: Sr. Marcelo Deda, PT,
21º. Veja, Ver. Wilton Araújo, a lista dos prefeitos das capitais dessa
pesquisa fez com que o Presidente José Genoíno convocasse uma reunião
extraordinária do Comando Nacional para analisar a tragédia das administrações
nas capitais brasileiras! Mas o “discurso Ricúpero” sonegou essa informação!
Quem anda pela rua, Ver. Marcelo Danéris,
sabe – e nós andamos pela rua – que o povo está morrendo na fila, nesta Cidade,
não há remédio, não há médico, não há consulta especializada! Há centenas de
pessoas que esperam, nesta Cidade, há dezesseis anos, serem sorteadas para uma
habitação popular e não são, porque não há uma política habitacional! O entorno
do asfalto está muito mal, por isso esta pesquisa reflete a realidade!
Bastou eu vir a esta tribuna dizer que,
no sábado, o PMDB vai fazer um grande ato nesta Casa, mostrando a sua arrancada
rumo à Prefeitura, bastou dizer isso, para que a base governista viesse “a
ferro e fogo”, porque sabe que vai perder esta eleição! Não dá mais! Quem disse
não fui eu, se fosse eu, diriam: “Ah, o Melo é suspeito!” Quem disse foi o
Lauro Hagemann, insuspeito cidadão desta Cidade! Este modelo esgotou, Ver.
Wilton Araújo, este modelo exauriu! A forma petista de governar encantou nos
primeiros 10 anos, nos primeiros 12 anos, mas, nesses últimos anos, ela tem
desencantado a população, porque ela tem muito discurso a favor do social, mas,
na verdade, este Governo tem sido aliançado com o poder econômico desta Cidade
e deste País.
Portanto, eu encerro, Sr. Presidente,
fazendo uma sugestão. Eu fico no campo da sugestão, de que a assessoria do PT
assessore melhor o Líder da Bancada, que não o coloque em maus lençóis! Quando
lhe entregarem uma pesquisa, entreguem-na por inteiro, não entreguem uma parte
da pesquisa, porque fica mal! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, a nossa Comissão trata sobre o uso indevido de drogas por parte de
crianças e adolescentes, bem como do abuso sexual, violência sexual, criando
situações de risco em nossa Cidade.
E, a cada semana, nós
estamos ouvindo os diversos depoimentos. Hoje, tivemos a visita da Dra. Sílvia,
da FASC, a qual trouxe alguns detalhes importantes que já haviam sido
reforçados na semana passada, ou seja, 60% das crianças de rua que perambulam
em Porto Alegre não são oriundas de Porto Alegre, são crianças vindas de outros
Municípios. E a FASC, junto com o BNDES, que financia esse projeto, está
fazendo abordagens com o intuito de fazer uma identificação dessas crianças,
ver a origem e tentar minimizar esse problema. Então, são sete os Municípios:
Porto Alegre, Viamão, Alvorada, Gravataí, Canoas e Esteio.
Outro dado importante também é que as
meninas grávidas - aquelas que têm menos de 18 anos - têm um trabalho de
acompanhamento no Lar São José, mas descobrimos que as meninas com mais de 18
anos mentem para ter acesso ao Lar. Então, nós temos que tratar essa coisa
pública, não com ordem cronológica, porque, na realidade, todas essas meninas
são órfãs da sociedade, e nós temos de dar um olhar diferenciado.
Uma outra preocupação sobre a qual nós
também falamos na semana passada foi a questão do loló, o tolueno, que não é um
produto proibido. É um produto de fácil comercialização e que não é proibido.
Ao mesmo tempo, sabemos que os adultos compram os solventes, e, num primeiro
momento, entregam para as crianças de forma gratuita, mas, depois, as viciam,
sendo que, após elas estarem viciadas, somente conseguem novos solventes se
praticarem pequenos delitos, e assim se dá essa cadeia.
Tiramos algumas conclusões, de forma
imediata, porque essa Comissão tem ainda dois meses e meio, mas reunindo o nosso
Vice-Presidente - Ver. Ervino Besson, que tem feito um trabalho brilhante na
Comissão -, a Ver.ª Maria Celeste, que é a Relatora - e tem acompanhado e
buscado informações em todos os órgãos governamentais do Município, do Estado e
da União -, estamos propondo para discussão e aceitação desta Casa o seguinte:
primeiro, que no dia 10 de outubro possamos fazer uma grande concentração em
Porto Alegre para discutir a questão da violência. Queremos a presença de todos
os Vereadores, de todas as entidades que cuidam da criança e do adolescente,
queremos reunir escolas, sindicatos, para fazermos uma caminhada no sentido de
sensibilizar as autoridades sobre essa questão da violência urbana relativa às
crianças da nossa Cidade.
Também vamos reunir as sete Câmaras
Municipais para tratar desse assunto, já que 60% dessas crianças não são
oriundas de Porto Alegre, esse é um compromisso que vamos ter de multiplicar
com as sete cidades, e a Comissão estará fazendo isso.
Por último, a Comissão vai a Brasília e
quer agora motivar os Vereadores para que nós possamos ser signatários - toda a
Câmara Municipal de Porto Alegre - para, de forma efetiva, termos uma
legislação, em nível nacional, em que o tolueno entre como um produto que não
possa ser comercializado, principalmente adquirido por qualquer um, ou seja, as
pessoas físicas e jurídicas para comprarem o produto vão ter que se identificar
e colocar seu RG ou seu CNPJ.
Então, são ações concretas que a Comissão
está fazendo, as quais quero dividir com os Vereadores. Aqueles Vereadores que
não fazem parte da Comissão, mas que quiserem comparecer às reuniões serão
sempre bem-vindos, porque temos a certeza de que todos temos esse compromisso
com todas as crianças.
E, para
finalizar, na sexta-feira, começa mais um ano judaico, o ano 5.764. O nosso
gabinete, a minha família, queremos, mais uma vez, desejar a toda a comunidade
judaica de Porto Alegre toda a sorte e saúde, para que possamos comemorar
sempre essas efemérides que consagram o povo israelita.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Pestana
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS PESTANA: Sr. Presidente João Antonio Dib, demais
Vereadores e Vereadoras desta Casa, eu havia me programado para fazer uma fala
referente aos lamentáveis episódios que aconteceram nesta Casa durante a
Comissão do Plano Diretor, mas não posso deixar passar batida, sem nenhum tipo
de questionamento, a fala do Ver. Sebastião Melo, Líder daquele Governo
“coração de pedra” - frio, distante da população.
O Vereador veio aqui falar da colocação
da Prefeitura de Porto Alegre. Ora! A Prefeitura de Porto Alegre está há 15
anos governando esta Cidade; é um projeto que está consagrado pela população,
reconhecido, vitorioso no conjunto de eleições que se sucederam nesse período
da nossa Cidade. Lembro-me aqui de quando aparecia o então Governador Olívio
Dutra em 9º lugar. Era duramente criticado pela oposição. Hoje nós temos um
Governador que aparece nas pesquisas em 19º lugar.
Eu poderia falar de uma outra pesquisa, a
pesquisa feita no programa Câmera Dois, do entrevistador Clóvis Duarte. A
pergunta era a seguinte: “Você acredita que o Rigotto está cumprindo as
promessas?” Qual foi a resposta? Noventa e cinco por cento disse que não, ou
seja, 95% desaprovou o Governo Germano Rigotto, e a oposição, ao não enxergar
isso, não entende por que, efetivamente, nós, aqui em Porto Alegre, estamos
comandando esta Cidade durante esses 15 anos. Nós vamos, sim, ser vitoriosos no
pleito do ano que vem. Essa é a questão que, infelizmente, o Líder do Governo,
coração-de-pedra, tem dificuldade de compreender.
Mas eu quero falar, hoje,
sobre a Comissão do Plano Diretor. É impossível deixar de registrar o nosso
descontentamento pela forma com que fomos tratados. Nós que representamos aqui
a maior Bancada da Câmara de Vereadores, nós que estamos aqui representando o
Governo da Frente Popular, nós que, nesse período, inclusive na discussão da
Mesa Diretora, fizemos questão, quando construímos maioria, de abrir espaço
para o conjunto dos Partidos, fomos hoje, de forma dura, de forma
antidemocrática, excluídos do processo do Plano Diretor. É lamentável, não para
o Partido dos Trabalhadores, não para a Frente Popular, mas é lamentável para a
cidade de Porto Alegre, porque não há como construir uma proposta conseqüente,
em termos de Plano Diretor, sem construir com aquela Bancada que hoje é Governo
no município de Porto Alegre. É essa a atitude lamentável e profundamente
equivocada da maioria da oposição desta Casa, que nós vimos aqui registrar.
Durante todo esse período,
nós tentamos construir com a oposição uma proposta de forma consensual, levando
em consideração os interesses da Cidade. Até há pouco tempo, havia a
concordância da oposição de que ficaríamos com a Presidência, e a oposição com
a Relatoria. A oposição que constantemente tem criticado o Governo do ponto de
vista do Projeto que vem sendo desenvolvido nas conferências de avaliação do
Plano teria as melhores condições de construir uma proposta alternativa por meio
de um relatório a ser encaminhado à Comissão. Então nós, da Frente Popular,
vimos aqui lamentar essa postura que não constrói, não possibilita, que
dificulta, sim, a construção de um Plano Diretor efetivamente representativo,
já que nós, que somos a maior Bancada desta Casa, estamos sendo excluídos.
Infelizmente, a oposição não teve essa grandeza, e espero que a cidade de Porto
Alegre não seja penalizada em função dessa ação.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Pedro Américo
Leal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
não entendo o meu País. Eu não entendo o meu País, porque, quando a taxa de
desemprego nos assola, indo a 13%, não há empregos! Sentimos aqui, na Câmara de
Vereadores, e também na Assembléia Legislativa, quando falo com o Deputado Jair
Soares, a mesma coisa. O País todo precisa de empregos. No entanto, este País é
uma galhofa! Por que é uma galhofa? Porque não posso deixar de olhar para São
Paulo e, deslumbrado, assistir a esse casamento da Sra. Marta Suplicy com esse
Sr. Luis Favre. Mas V. Exas. têm evitado falar sobre isso no microfone! Eu não
resisto! Não resisto! Quem é esse Luis Favre? Esse Luis Favre é um
profissional, claro que ele é um profissional. Parece que recebeu como presente
de casamento um emprego no Duda Mendonça, de 20 mil reais, com lucros a
avaliar, e, o Presidente da República foi lá com a senhora dele, o espaço aéreo
foi interrompido! Mas quem é Luis Favre e quem é a Dona Marta Suplicy para
provocar uma apoteose dessas. Oh, PT! V. Exas. estão encabulados, V. Exas. não
sabem o que vão dizer. Não são mais as reformas que os estão inquietando, não,
V. Exas. estão alvoroçados com esse espetáculo.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Eu chamo a atenção do Plenário de que há um orador na tribuna e peço respeito.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Mas, sinceramente...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Renato
Guimarães, por favor.
Parei o tempo de V. Exa. Solicito aos
Vereadores que, por gentileza, façam silêncio, o orador que está na tribuna tem
o direito de se expressar, e nós não podemos alterar. Eu gostaria que fosse
ouvido o orador, como são ouvidos os demais Vereadores.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Nós convivemos aqui, V. Exas. são meus
colegas, eu os conheço, sei perfeitamente que V. Exas. não apóiam tudo que está
se passando no País. O Presidente da República tira fotografias, tocando
violino, tocando violoncelo, fazendo embaixadas com o Movimento dos Trabalhadores
Sem Terra. É preciso evitar essa gandaia.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Por favor, Ver. Renato
Guimarães!
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Não podemos endossar essas banalidades,
porque vai chegar ao ponto de o País ficar desacreditado. Agora, o Ver.
Sebastião Melo diz que é deslumbramento, talvez seja, mas aonde nós vamos
chegar? Esse casamento me incomodou.
O Presidente da República interdita o
espaço aéreo, desce de helicóptero na fazenda, e pouca gente compareceu ao
casamento, pois os convites foram selecionados, não sei por que? Acho que não
devia haver seleção nenhuma, e a entrada deveria ser franca. Muito bem, o PT é
tão magnânimo, é tão popular, a Prefeita de São Paulo acabou de fazer um
casamento que foi compartimentado, só certas pessoas entraram,
selecionadíssimas.
Quero dizer ao PT que V. Exas. estão
defendendo por defender. V. Exas. não podem pensar isso! O País não pode cair
na galhofa. Não pode! Basta dizer que a galhofa é internacional. O Ministro
Gilberto Gil, se não me engano, Ministro da Cultura, num espetáculo, colocou o
Kofi Annan tocando tambor. Tocando tambor! A galhofa é internacional, não é
mais nacional. Aonde nós vamos parar? As adjacências é que nos preocupam, não é
a arte.
(Apartes anti-regimentais.)
Nobre Vereador, o seu tempo está
encerrado. Vou-lhe dar mais um minuto pelo tempo que lhe foi tomado.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: V. Exas. estão defendendo por defender.
V. Exas. não acreditam nisso, e isso pode nos levar ao descrédito e a
desconsideração do público internacional.
(Revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Reitero ao Plenário
que o orador na tribuna deve ser respeitado com o silêncio do Plenário também.
O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver. João Dib, demais Vereadores,
Vereadoras e todos que nos assistem aqui, eu queria, em primeiro lugar, dizer
que nós, hoje, pela imprensa, tomamos conhecimento de duas vendas.
A primeira: o Governo Bush, por meio do
seu preposto no Iraque, colocou à venda o Iraque para o grande capital
internacional, as suas reservas de petróleo, toda a economia iraquiana está
posta à venda pelo Governo Bush, que ocupou o País.
Mas existe outro Estado que está à venda,
infelizmente. Lemos aqui na primeira página do jornal Correio do Povo: “Rigotto
oferece parte de usina a espanhóis”. Ele foi à Espanha, aliás onde foi o Britto
logo depois do seu Governo, que havia entregue o Estado, ele foi passear na
Espanha. Agora o outro Governo vai lá, reúne-se com a Repsol e põe à venda o
capital que o Estado do Rio Grande do Sul, por intermédio da CEEE e da Sulgás,
detém, da usina térmica gaúcha a gás. E havia gente que dizia que não ia
privatizar, mas está aqui.
Aí nós comparamos a postura dos governos
privatizantes com a do Governo Lula: um Governo que vai à ONU e afirma a
soberania nacional; que disputa um espaço para o Brasil no Conselho de
Segurança Nacional; que dirige, em Cancún, o Terceiro Mundo, e que coloca o
País, soberano, no centro da política internacional. Paralelamente, os governos
neoliberais, os governos que ainda seguem esse embalo... Nós esperamos que o
Governo Rigotto, que apóia Lula, se espelhe no Governo Lula e afirme a
soberania do nosso Estado.
Então, é bom que a chamada oposição leia
mais jornal, manifeste-se sobre a entrega do patrimônio do nosso Estado,
manifeste-se sobre o Governo soberano do Lula! E o aplauda, tenho certeza.
Nós queríamos ainda tratar de outros
assuntos. Também lemos no jornal de hoje que as contas do Governo Olívio foram
aprovadas pelo Tribunal de Contas. Lembremos o “carnaval” que faziam aqui sobre
as contas do Governo Olívio! Lembremos o “carnaval” que fizeram sobre a CPI na
Assembléia! No que deu tudo? A CPI foi arquivada, e o Governo Olívio está com
as suas contas aprovadas.
É bom que o povo de Porto Alegre, que nos
escuta, observe a seriedade de determinados ataques que são feitos aos governos
da Frente Popular.
Quero ainda, no tempo que resta e que é
pouco, fazer uma referência à aprovação do Estatuto do Idoso, no dia de ontem,
no Senado Federal. O Estatuto já havia sido aprovado na Câmara Federal e agora
irá para a sanção do Presidente Lula. Trata-se de um Projeto do Senador Paim,
claro, com a contribuição de muitos outros na caminhada, que, quando Deputado
ainda, há 6 anos, em 1997, entrou com esse Projeto. O Estatuto irá garantir uma
série de vantagens: que os planos de saúde não possam cobrar mais por questão
de idade; remédios gratuitos; o salário mínimo para o idoso a partir dos 65
anos; o idoso considerado a partir dos 60 anos; a questão do castigo àqueles
que, por negligência, maltratarem os idosos, com penas de até 12 anos; a
prioridade na tramitação dos processos; a universidade aberta, descontos de 50%
em ingressos.
Não estaremos amanhã aqui, Sr.
Presidente, porque estaremos representando a Casa na Conferência das Cidades.
Sei que haverá um momento de homenagem ao idoso. Nós já queríamos hoje
homenageá-los e dizer da importância do Estatuto do Idoso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vários outros
Vereadores estarão fazendo a mesma coisa, Ver. Raul Carrion.
O
SR. RAUL CARRION: Exatamente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib; Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, hoje pela manhã nós nos
reunimos aqui neste plenário para elegermos o Presidente, o Relator, o
Vice-Presidente, os Sub-Relatores da Comissão que vai tratar do Plano Diretor.
Nós queríamos um acordo geral, mas a Bancada petista, Ver. Haroldo de Souza,
pronunciou-se da seguinte forma: ou nós temos a Presidência desta Comissão, ou
então nada serve para nós. Como aquelas crianças mimadas, acostumadas a ter
todos os brinquedos, os pirulitos preferidos, os doces, as guloseimas, que
batem o pé, se não ganham. Os pais que não sabem educar bem acabam realmente
dando para a criança tudo o que ela quer. O PT está sendo exatamente essa
criança.
A oposição tem dado para o PT tudo aquilo
que o PT quer, e o PT se acostumou com isso. Hoje o PT não ganhou o pirulito
preferido! Ele queria a Presidência da Comissão! Imaginem os senhores, ele
queria a Presidência da Comissão, quando teve três anos para cumprir
dispositivos do Plano Diretor, para mandar para esta Casa projetos
complementares, para que nós pudéssemos implementar o Plano Diretor no
Município de Porto Alegre. É o caso, por exemplo, do Plano Viário. O Executivo
tinha 360 dias para mandá-lo para esta Casa, e até hoje ele não chegou aqui.
Até hoje não chegou aqui! E o PT tem o desplante de querer reivindicar para si
a Presidência da Comissão.
(Apartes anti-regimentais.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sr. Vereadores, por
favor, atenção, há Vereador na tribuna.
O
SR. LUIZ BRAZ: O meu amigo Ver. Juarez Pinheiro tenta
desestabilizar-me na tribuna. Essa é uma tática do Ver. Juarez Pinheiro, mas
não pega mais, não pega.
O que fizemos hoje pela manhã? Elegemos
alguém da oposição: o Ver. Isaac Ainhorn. E sabem o que o PT fez? “Como não nos
deram a presidência, nós vamos sair do plenário.” Meu Deus do céu! Quanto
desrespeito com a população, quanto desrespeito com esta instituição! O PT tem
de aprender lições de democracia, para não ficar, simplesmente, mentindo para o
povo.
Por exemplo, eu ouvi o Presidente - não
só o ouvi, mas vi -, aliás, não o Presidente, mais do que Presidente, um dos
principais Ministros desta República, o dono do sistema, o José Dirceu, o
“César” do PT, afirmar que o desemprego está caindo, que está em baixa. Só que
eu tenho aqui, Ver. Sebastião Melo, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, IBGE, a seguinte afirmação: “O desemprego está 12,8% mais alto se
comparado ao mesmo mês do ano passado”. Doze vírgula oito por cento,
praticamente 13% maior! Como é que eles fazem uma campanha de televisão, paga
com o dinheiro público, para enganar a população, para enganar as pessoas, para
dizer para as pessoas que agora tudo está ótimo?
É como essa história, essa farsa, que se
instituiu no País e que, agora, querem passar também, para o mundo: o Programa
Fome Zero. Sabem o que é o Programa Fome Zero? Criaram uma estrutura em que se
gastam 25 milhões de reais para pagar militantes do PT. E quanto de alimento
que se dá para a população? Por que não aproveitar as estruturas que já estão
estabelecidas? Não, tinham que criar uma estrutura para colocar mais militantes
do PT, pagos com salários altíssimos. Salários altíssimos! Esse é o Programa
Fome Zero!
E se passa tudo isso como se fosse
excelente para a população, como se nós estivéssemos vivendo agora um novo
instante. Mas olha, gente, nós não podemos concordar com a idéia, Ver. Pedro
Américo Leal, de que se podem espalhar mentiras para população, pagas com o
dinheiro público. Se quiserem mentir para população, peguem dinheiro deles
mesmos, dinheiro do PT, e façam o que quiserem. Agora, dinheiro público! Para o
Sr. José Dirceu falar na televisão que o desemprego caiu! E o IBGE está dizendo
que está 13% mais alto do que no ano passado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Havendo quórum,
passamos à
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. 1827/01 - VETO
TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 109/01,
de autoria do Ver. Luiz Braz, que autoriza o Executivo Municipal a permitir,
sem encargos para o Município e mediante concorrência pública, a construção de
abrigos para passageiros de ônibus, com iluminação, tubos de descanso para os
usuários, cestos para coleta de lixo e pavimentação do passeio público, e dá
outras providências.
Parecer:
- da CCJ. Relator
Ver. Nereu D’Avila: pela rejeição do Veto Total.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da
maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do art. 174,
II, do Regimento da CMPA.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.
- Trigésimo dia: 20.09 – sábado.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal o
PLL nº 109/01, de autoria do Ver. Luiz Braz. O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para encaminhar.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, na verdade, eu só vou encaminhar para fazer um
chamamento aos Vereadores da oposição que devem estar em seus gabinetes, para
que possam vir para o plenário a fim de que nós possamos votar este Veto e
derrubá-lo.
O que nós estamos pretendendo, através
deste Projeto de Lei que foi vetado pelo Sr. Prefeito Municipal, é dar uma
oportunidade para que, em troca de publicidade nas paradas de ônibus, os
empresários possam investir em algum conforto para aqueles que estão esperando
ônibus nas paradas, colocando bancos, colocando luminárias, colocando e
melhorando o pavimento, a fim de que esse conforto possa realmente atingir
todas as pessoas.
Ver. Raul Carrion, a Ver.ª
Maristela Maffei disse, na Sessão anterior, que isso iria propiciar que o
empresário escolhesse apenas aquelas paradas melhor situadas e não ficaria com
as outras. Ora, nós sabemos que isso é uma afirmação ingênua, porque, afinal de
contas, tudo deve ser baseado num edital. O edital tem de colocar regras. E eu
não posso colocar as regras do edital no Projeto de Lei. O edital tem de dizer
que aqueles empresários que ganharem os pontos mais centrais serão obrigados
também a aplicar em pontos, em paradas mais distantes.
Então, os investimentos
vão beneficiar o conjunto de toda a sociedade. E é exatamente isso que nós
queremos: é o benefício da sociedade sem gastar dinheiro público. Nós não vamos
utilizar um centavo sequer do dinheiro público para poder aplicar na melhoria
dessas paradas que existem em todo o território de Porto Alegre.
O Veto do Sr. Prefeito
Municipal está incorreto no nosso modo de pensar e à luz do Direito, porque,
afinal de contas, nós estamos autorizando a que possam existir essas permutas,
e, quando existirem essas permutas, o empresário é quem vai fazer a aplicação
dos recursos.
O trabalho que nós vamos
ter no Município é de fazer as concorrências públicas para saber onde é que o
empresário vai ganhar o direito para fazer a obra para colocar a sua
publicidade na Região Central e regiões mais afastadas. Mas é exatamente isso
que queremos. Queremos que haja um benefício para a população sofrida que, às
vezes, espera o ônibus na chuva, durante muito tempo, sem poder sentar,
principalmente, aos sábados e domingos, quando os ônibus costumam demorar mais
do que nos dias de semana, porque a frota é diminuída nos finais de semana.
Pelo menos, que eles possam esperar o ônibus sentados, com telefone, com as
condições necessárias para diminuir o sofrimento atual, em algumas regiões da
Cidade, onde as pessoas têm de esperar o ônibus por muitos minutos e, às vezes,
por mais de hora.
Então, pedimos que os Srs.
Vereadores possam vir ao plenário e ajudar na derrubada do Veto posto pelo Sr.
Prefeito Municipal, beneficiando a população de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 109/01, com Veto
Total.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, o Ver. Luiz Braz apresenta um Projeto que determina a construção de
abrigos para passageiros de ônibus, com bancos fixos em todas as paradas de
ônibus do Sistema Municipal de Transporte Coletivo Urbano. Esse Projeto tem um
grande mérito, o de estar preocupado com a questão do bem-estar daqueles que
utilizam o sistema de transporte coletivo de Porto Alegre.
Mas, na realidade, Ver. Luiz Braz, o que
tem de ser feito no Município de Porto Alegre, é uma licitação de todo o
mobiliário urbano. Porto Alegre, posso informar com toda a tranqüilidade, é a
única, das grandes capitais do nosso País, que ainda não fez a sua
transformação do mobiliário urbano. Nos últimos anos aconteceu em São Paulo,
aconteceu no Rio de Janeiro, recentemente, em Curitiba e em Salvador. Nós
tivemos a oportunidade de visitar essas capitais, saber de que forma foram
feitas as diversas licitações. Na realidade, o que precisa é algo bem mais
abrangente do que isso.
Então, com a aprovação desse segmento,
nós estaremos sujeitos a inviabilizar todo o processo, porque o mobiliário
urbano é bem maior do que parada de ônibus. Ele corresponde, por exemplo, a
questão dos banheiros higiênicos que tem de ser colocados; a questão dos
relógios informativos com o tempo e temperatura; a questão dos totens, por
exemplo, nessas licitações, na maioria dos Municípios, o que foi feito? A face,
onde há circulação dos automóveis, é a face publicitária; a face oposta, é a
face onde a Prefeitura veicula as suas informações, os seus produtos
institucionais. Então, é bem mais abrangente, e é esse olhar que nós temos de
ter.
Quanto ao mérito, o Projeto tem essa
relevância, mas na construção do todo - acho que V. Exa. está dando
oportunidade de Porto Alegre começar essa discussão -, eu volto a dizer: Porto
Alegre é a única das grandes capitais do nosso Brasil que ainda não promoveu
uma licitação relativa ao mobiliário urbano, e nós temos de promover isso. Só que
V. Exa. promove um item do imobiliário urbano, que é a questão das paradas de
ônibus, e ele é bem mais abrangente, pois envolve a questão dos banheiros,
envolve a questão dos relógios e a questão dos totens.
Então, nós temos de discutir. Há dois
anos, começamos a fazer uma discussão, aqui, nesta Casa sobre a questão do
mobiliário urbano e isso tem que ser, cada vez mais, feito com olhar
diferenciado. Por exemplo, no Rio de Janeiro, a licitação foi feita em três
grandes segmentos; em São Paulo, em cinco segmentos. Agora, a preocupação que
alguns Vereadores tiveram aqui de que, se colocarem em um determinado lugar,
não vão colocar no outro...não. Quando é feito um processo licitatório, as
peças têm de ser feitas idênticas, tanto faz para locais que envolvem um
segmento, uma camada da sociedade classe A, como aqueles que envolvem um outro
tipo de camada da sociedade, B, C, D ou E. Então, no nosso entendimento, o que
temos de discutir é a questão do mobiliário urbano.
E, agora, já que nós estamos discutindo e
foi instalada a Comissão do Plano Diretor de Porto Alegre, uma das relatorias
do Plano Diretor deveria ser, especificamente, a questão do mobiliário urbano.
Que uma subcomissão pudesse tratar, especificamente, a questão do mobiliário
urbano para ver, por exemplo, a questão da nossa orla do Guaíba, a questão dos
espaços de artes, a questão da revitalização do Centro, que nós tanto
discutimos. Esses espaços públicos têm de estar inseridos num plano maior, que
é a questão do Plano Diretor.
Por isso, eu volto a dizer: quanto ao
mérito do Ver. Luiz Braz, muito bom; mas, como Projeto, ele dificulta, porque
está propondo uma parte de uma licitação maior, que é necessário que Porto
Alegre discuta.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Darci Campani
está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 109/01, com Veto Total.
O
SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente e demais Vereadores, nós
temos dois aspectos a salientar. Já passamos pelo período de discussão, e,
durante o período de discussão, foi de uma forma bastante descabida como,
freqüentemente, vem sendo utilizada nesta Câmara, utilizado o argumento de que
projetos que nasçam da oposição vão encontrar o caminho natural de veto do Sr.
Prefeito, porque não é do Partido do Sr. Prefeito, então vão morrer direto,
porque não tem a chancela do Prefeito.
Nós tivemos o trabalho de fazer o
levantamento nesta Legislatura de quantos Projetos foram votados, quantos foram
vetados e qual o nível de concordância desta Casa em relação a esses Vetos. Em
2001, 295 Projetos de Lei foram votados nesta Casa, apenas 18 foram vetados e,
desses 18, o Plenário desta Câmara manteve-os todos. Nenhum Veto parcial,
nenhuma apreciação parcial de Veto. Então, os Vetos tiveram o acordo do
Plenário desta Casa. Em 2002, nós temos 511 Projetos votados nesta Casa, apenas
quatro Vetos mantidos parcialmente; em 2003, foram 144 Projetos votados e
apenas seis Vetos, todos com o apoio desta Casa. Estamos fazendo levantamento,
só faltam os Vetos que foram derrubados por esta Casa, que eu lembre, neste
ano, foram dois. Ou seja, o Sr. Prefeito vetou e a Casa derrubou o Veto. Há
aqui os números; não há como mentir.
Então, os colegas Vereadores que vêm à
tribuna dizer que vetos que nascem da oposição, por serem da oposição, já têm o
caminho natural de serem vetados, tragam números. Não venham aqui simplesmente
fazer demagogia, porque a gente está na frente de um canal de televisão, há um
espaço nobre para vir aqui falar, há cinco minutos para falar o que se quer e
não pode haver aparte para contestação. Tragam números! Os números são esses:
dos 144 Projetos de Lei aprovados neste ano, apenas seis ...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, a Mesa
tem dificuldade de entender o encaminhamento que V. Exa. está dando ao Projeto
que está em discussão, o Veto ao Projeto do Ver. Luiz Braz. V. Exa. está
fazendo uma estatística, mas não me parece que se relacionem as duas coisas.
O
SR. DARCI CAMPANI: Gostaria que V. Exa. tivesse feito a
mesma crítica aos Vereadores que vieram aqui criticar o fato dos vetos da
Prefeitura a todos os projetos que saem da oposição.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, a Mesa
é atenta. Quando se faz, de passagem – adianto que o relógio está parado –, uma
menção do tema, mas V. Exa. está lendo estatística, e nós estamos discutindo um
Veto. Eu peço desculpas se V. Exa. não me entendeu, mas não foi nenhuma razão
maior a não ser para que volte ao tema que nós estamos debatendo. Eu ainda vou
lhe dar mais 30 segundos, porque lhe tomei antes.
O
SR. DARCI CAMPANI: Eu creio estar no tempo e estou
respondendo ao que os Vereadores falaram aqui. Eles falaram no meio da
intervenção. Eu ainda tenho mais um minuto e vinte segundos para poder entrar
no tema. É que nós, como situação, temos uma intervenção, duas intervenções,
três Bancadas, enquanto que a oposição tem várias Bancadas, por isso teria de
ter a responsabilidade de vir aqui apresentar estatísticas, mas vem aqui e fala
de maneira demagógica e não aborda a realidade, os números. E a maneira de
respondermos aos números é respondendo com números e não com demagogia.
Quanto ao Projeto em si,
os Vereadores aqui, constantemente, defendem os funcionários públicos
municipais, mas, quando chega na hora do concreto, na hora dos projetos de lei,
simplesmente não reconhecem o trabalho dos funcionários públicos municipais.
Hoje, a Prefeitura de Porto Alegre tem uma comissão, conforme o Ver. Carlos
Alberto Garcia salientou aqui, que está fazendo a discussão do mobiliário
urbano. Há uma comissão constituída de funcionários da Prefeitura de Porto
Alegre que está discutindo mobiliário urbano, que resultará em uma licitação,
na qual se prevê a troca por publicidade em uma única licitação para todos os
empreendimentos, todos os mobiliários utilizados na Cidade, entre os quais as
paradas de ônibus. Nós não temos por que deixar esses funcionários restritos:
“Não, parada de ônibus eles não podem mais discutir, porque já há uma lei que
os restringe”.
Trata-se do velho Projeto
de Lei autorizativo que esta Casa já tem discutido bastante, já tem clara a
posição de alguns Vereadores. O Ver. Sebastião Melo é um que tem um
posicionamento, vem sempre aqui e diz o que pensa a respeito dos Projetos
autorizativos, que esta Casa não adianta aprovar, porque, como é autorizativo,
não possui valor nenhum. Então, temos de manter uma coerência aí. Como é
Projeto de Lei autorizativo, o que nós recomendamos aos Vereadores que vão
nesse caminho é: vamos concorrer no ano que vem, teremos eleição, todos vão ter
chance de novo de concorrer e, quem sabe, nas Prefeituras em que os outros
Partidos ganharem as eleições, implantem lá a parada, implantem lá os seus
Projetos autorizativos.
A função do Executivo é uma, o Executivo
foi eleito para implantar o seu projeto aprovado pela maioria da população. Ele
não pode ser interrompido no seu intento, no que tem o voto popular com
projetos autorizativos, que em nada agregam à administração da Cidade. Obrigado
e desculpe-me pela passada do tempo.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Valdir Caetano): O Ver. Elói Guimarães
está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 109/01, com Veto Total.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
gostaria de dizer que este Projeto é importante, não é um Projeto autorizativo,
é um Projeto que determina que se elabore na forma aqui estabelecida.
Quando na Secretaria Municipal de
Transportes, estive fazendo um levantamento na Cidade e visitando as
comunidades, a chamado destas, porque era um Secretário que trabalhava de
portas abertas, que atendia às comunidades, que ia nas reuniões de comunidades,
ouvia muito desaforo nas reuniões das comunidades, e por figuras carimbadas, e
eu comparecia! Uma das maiores reivindicações da comunidade era: “Não temos
abrigo!” A Secretaria comprava, adquiria abrigos, aqueles abrigos de fibra,
pequenos, amarelinhos – a cor ainda lembro. Cheguei na Secretaria, fizemos um
estudo, elaboramos um projeto e colocamos em execução. A empresa que fazia era
a empresa do ex-Presidente do Internacional, Dallegrave, juntamente com outro
proprietário. Se andarmos em Porto Alegre, eu posso mostrar o número de abrigos
a custo zero que se fez na cidade de Porto Alegre dando, em contrapartida, a
publicidade.
Ver. Luiz Braz, V. Exa. não imagina a
pressão que sofri, e este Secretário não é de se assustar, a pressão que sofri
quando colocamos em Porto Alegre abrigos a custo zero em troca de publicidade,
porque vieram os lóbis dos que vendiam ao Município. Nós
colocamos, está aí na Cidade uma série de abrigos, o projeto se desenvolveu. Só
eu tive a oportunidade de colocar uma centena de abrigos – e muitos ainda
existem –, mas recebi uma bárbara pressão, só que não tinha, não, não tem nada
de pressão! Então, quando V. Exa. traz um Projeto dessa natureza, que se
aperfeiçoe na área legal, jurídica, etc. e tal, mas tem de ser aproveitado. Nós
temos a experiência vivenciada em Porto Alegre, só que, para fazer, foi debaixo
de pressão, porque não queriam. Setores econômicos, interessados em vender
abrigo para a Prefeitura, não queriam.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
é uma iniciativa boa. A publicidade tem um campo imenso, um potencial a ser
explorado, e ela ganha também, porque aquele que faz um investimento, Ver.
Pedro Américo Leal, vende a publicidade, então ele ganha, e, para a Prefeitura,
é muito bom, porque é custo zero. Então, imaginem as pessoas na chuva, quando
se tem a oportunidade de, em troca da publicidade, se ter um abrigo a custo
zero para o Município.
Fica aqui, então, Ver. Luiz Braz, o meu
entendimento, com a experiência que já tivemos, experiência que se fez na
Secretaria, e, naquele tempo, era uma Secretaria pobre, muito pobre. Quando eu
vejo essa fartura da Secretaria com publicidades quase que em letras de ouro,
eu digo: mais que tempo! Nós não tínhamos recurso para fazer um aviso; para
trocar um itinerário de linha, nós fazíamos xerox. Fizemos grandes alterações
por intermédio de xerox, porque não tínhamos recurso. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal o
PLL nº 109/01. (Após a apuração nominal.) REJEITADO
o Projeto por 16 votos SIM e 11
votos NÃO, considerando-se mantido o
Veto a ele aposto.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, eu sei que,
regimentalmente, posso entrar com pedido de renovação de votação na primeira
Sessão válida, que vai acontecer na segunda-feira, porque há apenas um voto de
diferença para os 17 que foram necessários. Então, vou anunciar que vou entrar
com pedido de renovação de votação para este Veto.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): É um direito seu, e a
Mesa acolherá o seu Requerimento.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu não
recordo, não trouxe o meu Regimento, mas acho que não há possibilidade de
renovação em caso de Veto.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Luiz Braz,
a Diretoria Legislativa me informa que, na forma do art. 196, § 1.º, não cabe
renovação de votação de proposição vetada.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO (Requerimento): Sr. Presidente, eu
queria informar a ordem que foi acordada entre as Lideranças de oposição e
situação das próximas proposições a serem votadas. As primeiras delas são:
Requerimento nº 152/03, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia; Requerimento
nº 163/03, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal. A seguir, os seguintes
Projetos: PLCL nº 005/01, PLL nº 017/02, PLE nº 013/03, PLL nº 072/03, PLL nº
079/03, PLL nº 115/03 e PR nº 058/03.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sendo acordo de
Lideranças...
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, podemos até estar de
acordo, mas quero dizer que a Liderança do PMDB não foi consultada sobre a
organização de votação nesta Casa. Quero dizer que, pela última vez, vou dar
acordo e não darei mais.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Obrigado pela
compreensão de Vossa Excelência.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, só para esclarecer
publicamente. Quero dizer que todos os Vereadores que necessitaram incluir seus
nomes procuraram este Líder. Então, com a maior facilidade, estamos à plena
disposição e não é uma atitude de desprezo a nenhum Vereador e a nenhuma
Bancada. Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): É um fato novo as
Lideranças acertarem antes de entrar na Ordem do Dia as matérias a serem
votadas, é algo que deve ser prestigiado, e as arestas que aparecerem devem ser
aparadas, porque com isso ganha a Casa e ganha o povo.
A Mesa apregoa a Emenda nº 10 ao PR nº
082/03, de autoria deste Vereador: (Lê.) “Inclui inciso onde couber, no art.
1.º do projeto, tratando da alteração do art. 96 do Regimento, como segue:
‘Inciso - O caput do art. 96 passa a
vigorar com a seguinte redação: Artigo 96 - Indicação é a proposição pela qual
o Vereador sugere aos poderes competentes medidas e obras de interesse público
e no âmbito da comunidade de Porto Alegre’.”
Emenda nº 01 ao Substitutivo nº 01, PLCL
nº 005/01, Processo nº 1148/01: “Substitua-se em todos os artigos onde houver a
palavra ‘afro-descendentes’ por ‘afro-brasileiros’”. Há a assinatura dos
Vereadores Nereu D’Avila e Raul Carrion.
A Mesa gostaria de pedir às Lideranças e
aos Vereadores em geral cuidado com os requerimentos que são feitos, porque, de
repente, ficamos com requerimentos aqui por muito tempo e talvez não fossem
necessários. Estamos aqui fazendo uma Moção de Repúdio ao Governo dos Estados
Unidos por promover a guerra contra o povo iraquiano. A guerra já terminou, já
estão matando americanos e estamos aqui sem ter votado o Requerimento. Gostaria
que, no primeiro encontro de Mesa e Lideranças, analisássemos o que aqui
ocorre, porque fica ruim para nós todos.
Em votação o Requerimento nº 152/03, de
autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que requer Moção de Solidariedade aos
remadores do Estado do Rio Grande do Sul pela construção de uma raia olímpica.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Em votação o Requerimento nº 163/03, de
autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que requer que o período de Comunicações,
da Sessão do dia 23 de outubro de 2003, seja destinado a assinalar o transcurso
do 111.º aniversário do 1.º Batalhão de Polícia Militar. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
(discussão:
todos os Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. 1148/01 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 005/01,
de autoria do Ver. Raul Carrion, que dispõe sobre a preservação e o tombamento
do patrimônio histórico e cultural de origem africana no Município de Porto
Alegre e dá outras providências. Com
Substitutivo n.º 01.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Luiz Braz: pela rejeição do Projeto e do Substitutivo n.º 01;
- da CUTHAB.
Relator Ver. Wilton Araújo: pela rejeição do Projeto e aprovação do
Substitutivo n.º 01;
- da CECE. Relatora
Ver.ª Clênia Maranhão: pela rejeição do Projeto e aprovação do Substitutivo n.º
01.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos
membros da CMPA - art. 82, § 1.º, I, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia por força do
art. 81 da LOM, em 23-06-03.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Em discussão o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº 01. O Ver. Raul Carrion está
com a palavra para discutir.
O
SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, eu vou fazer a discussão e, só se houver necessidade, o
encaminhamento. Eu queria, em primeiro lugar, dizer que este Projeto, aliás, o
seu Substitutivo surgiu de uma contribuição dos demais pares. Havia algumas
deficiências no Projeto original, acolhemos as preocupações e discutimos com a
comunidade negra. Antes de colocar na Ordem do Dia, conversamos com
praticamente todas as Lideranças que estão nos brindando com o seu apoio.
Rapidamente, gostaria de fazer uma colocação sobre o seu conteúdo, para haver
uma votação bastante consciente.
A própria Lei Orgânica, no art. 194,
trata do apoio, dizendo: “O Município criará e apoiará mecanismos de
preservação dos valores culturais das diversas etnias presentes em Porto
Alegre...” Nesse espírito, leva em conta a situação de uma certa invisibilidade
da etnia negra, as dificuldades dessa comunidade de ter reconhecido todo o seu
papel: documentos, fotos, maneiras de pensar, maneiras de viver que são
perdidas, que não são registradas, este Projeto considera como patrimônio
histórico todas essas manifestações culturais, como, também, conjuntos urbanos,
sítios.
Como se dará essa preservação, Ver. Dr.
Goulart, que é um lutador, também, nessa frente? Por meio do tombamento, quando
assim tiver de ser feito, levantamento, inventário, catálogo, registro,
recolhimento, se for o caso, restauração de obras de valor histórico, cultural
e artístico, reparo, recuperação, proteção de documentos, também por meio de
conservação de áreas reconhecidamente de interesse histórico, incentivo à
doação de documentos particulares, mecanismos para impedir a invasão, etc.
A Ver.ª Margarete Moraes também é uma
lutadora nessa área da cultura. Nós, inclusive, colocamos a questão da criação
de um registro, de um cadastro e tombamento desses bens culturais na cidade de
Porto Alegre. Também fica colocado que qualquer cidadão é parte legítima para
provocar os órgãos públicos. E, por fim, nesse rápido apanhado, que o Executivo
Municipal poderá promover convênios, contratos com instituições de estudo,
instituições de pesquisa nacional, estrangeira, para viabilizar tudo isso.
Eu tenho certeza de que esta Casa, Ver.
Cassiá Carpes - que também já está engajado na aprovação deste Projeto -, irá
dar um voto coletivo, positivo. Aliás, quero parabenizar esta Casa, porque acho
que a votação sobre a questão das cotas, por 30 votos a zero, registrou uma
postura sensível nesta Casa a essa etnia tão importante no nosso País, no nosso
Estado, no nosso Município.
Existe aqui em Porto Alegre uma tradição
histórica muito grande. Registre-se a Floresta Aurora, cujo Presidente do
Conselho Deliberativo é o Ver. Wilton Araújo; registrem-se as cotas;
registre-se a Esplanada Carlos Santos, Projeto de autoria do Ver. Wilton
Araújo, que tivemos a alegria, juntamente com ele, de inaugurar no ano passado;
registre-se o primeiro Monumento numa Capital ao grande Almirante Negro, no ano
retrasado, por meio de um Projeto do Ver. Lauro Hagemann; os Projetos de
homenagem à Sociedade Satélite Prontidão; o trabalho do Ver. Reginaldo Pujol
junto ao mundo carnavalesco. Ou seja, não é apenas um Vereador nesta Casa, e
sim inúmeros representantes que têm aqui se destacado como defensores dessa
comunidade, dessa etnia, dessa cultura, que tanto tem contribuído para todos
nós. Eu quero dizer que eu vejo isso como um Projeto construído aqui com muitas
contribuições. Quero ressaltar também a contribuição do Ver. Nereu D'Avila,
que, nesse momento, fez uma Emenda - nós havíamos esquecido -, mudando a
palavra afro-descendentes por afro-brasileiros, que é uma palavra mais
adequada, é um conceito mais correto.
Então, considero que essa votação será
mais uma vitória do conjunto dos Vereadores, irmanados, que têm um compromisso
com a etnia negra, para que possamos, nessa Semana da Consciência Negra,
brindar essa comunidade com inúmeros Projetos de seu interesse. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº 01.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, desde
segunda-feira, o Ver. Raul Carrion nos fala do seu interesse de ver votada essa
sua proposição, o Projeto de Lei Complementar que dispõe sobre a preservação e
o tombamento do patrimônio histórico e cultural de origem africana no município
de Porto Alegre e dá outras providências. Já na segunda-feira, eu procurei me
aprofundar mais no Projeto e vi que o parecer prévio da Dra. Marta Lages da
Rosa fazia um pequeno reparo, que foi objeto de correção. Não vou nem entrar no
detalhe da correção, porque era muito mais de redação do que de conteúdo.
Eu estava, como efetivamente declarei ao
Ver. Raul Carrion, preocupado com a eventual colisão da sua proposição com o
esperado Projeto, largamente esperado Projeto aqui na Casa, do Detalhamento das
Áreas Especiais de Interesse Cultural, que era e é um compromisso do Executivo
com este Legislativo, que não foi honrado. Então, busquei contatar com os
integrantes da Bancada do Governo para me esclarecer da eventualidade de esse
Projeto - se adotado, vai vir à Casa - eventualmente conflitar, Ver. Wilton
Araújo, com a proposição do Ver. Raul Carrion. Recebi formalmente a informação
de que não existia conflito de ordem nenhuma, porque os objetivos eram assemelhados,
mas diversificados, e que era disposição, inclusive, dos integrantes da Bancada
do Governo votar a favor da proposição do Ver. Raul Carrion. Há pouco ainda
ouvia da ex-Secretária da Cultura - responsável direta pela elaboração do
Anteprojeto, que ainda não virou Projeto - que não haveria conflito nenhum
dessa ordem.
Resta o que depois dessa análise? Ver.
Raul Carrion, não sou daqueles que olha a assinatura do proponente do Projeto
para me posicionar, resta cumprimentá-lo pela sua proposta. Tenho sido
divergente de V. Exa. em vários assuntos e quero dizer que nesse particular
tenho salutar convencimento, provocado por V. Exa., de apoiar esse Projeto de
Lei.
Essa proposição, no fundo, tem um pouco
de autorizativa, porque tudo nesta Casa tem de autorizar ou, ao contrário,
estaríamos proibindo. Até os Projetos do Executivo, quando vêm para a Casa,
vêm-nos pedindo autorização para fazer alguma coisa. E V. Exa. tem um Projeto
que considero programático, levantando a possibilidade de que, no município de
Porto Alegre, ocorra essa preservação do patrimônio histórico e cultural de
origem africana. Porto Alegre, sabidamente, nós gostamos de decantar, foi
pioneira no País nas manifestações de reconhecimento e da necessidade de
superar a escravatura e todo aquele quadro que, oficialmente, predominou neste
País por longo tempo, em que era consagrado o direito de uns homens disporem
dos outros, em que pese ambos serem humanos, apenas em função de circunstâncias
étnicas. Porto Alegre foi pioneira nisso. Acho que também, aqui, começa a
avançar, e a avançar de forma vanguardeira.
Nesse particular, o único Vereador
liberal assumido na Casa vem dizer que apóia o comunista assumido, Raul
Carrion, até provando que, muitas vezes, os extremos se encontram. Em respeito
à etnia negra, à sua cultura, às suas tradições e, sobretudo, ao que representa
de patrimônio cultural não só para Porto Alegre, como para o Rio Grande do Sul
e para o Brasil, eu estou aqui dizendo: conte comigo, Vereador, irei votar com
V. Exa. pela aprovação! Espero que a Casa toda o faça.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Apregôo a Emenda nº
11 ao PR nº 082/03, processo de votação e edição do Regimento da Câmara, de
autoria do Ver. Raul Carrion, que dá nova redação aos incisos XV e XVI do art.
1º e acrescenta os parágrafos 2º e 7º ao art. 58.
A Ver.ª Margarete Moraes está com a
palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº 01.
A
SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, eu gostaria, neste momento de discussão, de assinar embaixo, de
concordar, de parabenizar o companheiro Ver. Raul Carrion por esse Projeto de
Lei que dispõe sobre a preservação e o tombamento do patrimônio histórico e
cultural de origem africana no município de Porto Alegre e dá outras
providências.
Eu tenho certeza de que é uma das funções
do Poder Público, além do estímulo ao desenvolvimento da arte, da cultura da
nossa Cidade, também trabalhar com a proteção, com a noção de história, de
processo do patrimônio histórico e cultural da nossa Cidade, do nosso povo,
material e imaterial, porque também diz respeito aos bens simbólicos. Esse
patrimônio deve ter uma visão universalizada, Ver. Wilton Araújo, quando se
trata do povo negro - e V. Exa. concorda com essa idéia -, certamente, dos
afro-brasileiros. Nós sabemos que historicamente eles sofreram discriminação e
que quase toda documentação foi queimada, foi esquecida.
Então, é urgente que se proceda a um
levantamento, a um cadastro, à catalogação do maior número possível de dados
sobre todas as práticas, todos os usos e costumes dessa etnia que diz respeito
aos quilombos rurais, aos quilombos urbanos, que foram centros de resistências,
às crenças, a todas as formas de religiões afros, aos ritos, à gastronomia, às
cores, à música, à dança. Porque nós sabemos que sem acesso à educação, à
escolarização, os negros do nosso País fizeram uma ligação com o seu passado de
geração para geração, dançando, cantando, contando as suas histórias. Enfim, há
todo um patrimônio, embora muito já tenha sido perdido, mas é possível ainda
resgatar essa etnia, com certeza, por intermédio de um trabalho científico, de
um trabalho que leve em consideração a pesquisa dentro dos padrões
internacionais, dos padrões da universidade, o que vai favorecer a auto-estima
e o orgulho desse povo.
Então, junto com outros processos, como o
da educação, como o das cotas, a preservação do seu patrimônio será um bem que
esta Câmara de Vereadores poderá proporcionar a esse povo. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste):
A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com
Substitutivo nº 01.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: Ver.ª Maria Celeste, na presidência dos
trabalhos, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, Ver. Raul
Carrion, serei breve, mas fiz questão absoluta de estar aqui, assim como a
Bancada do Partido dos Trabalhadores, e com certeza os nobres pares desta Casa,
pelo mérito deste Projeto e pela relevância pública que isso significa. É bem
verdade que nós não estamos ainda, apesar de termos a consciência, habituados a
priorizar da forma necessária um Projeto dessa envergadura. Mas nós temos
consciência de que, cada vez mais, isso vai-se traduzir para a sociedade, não apenas a questão de nos referirmos a
monumentos, na medida em que vamos colocando em pauta, cotidianamente, esse
assunto sobre a questão das minorias e, principalmente, das minorias étnicas,
que, aliás, não são minorias.
No discurso na ONU, o Presidente Lula
dizia que o Brasil é o segundo país do mundo com população de origem negra. O
que nos orgulha muito. E por isso, até por isso, nós estamos cada vez mais
discutindo o mérito e avaliando o que isso pode repercutir na nossa sociedade.
E o mais interessante disso tudo é que desmascara os preconceitos que nós
temos. Principalmente os de origem européia, no sentido também biológico da
formação das etnias do primeiro continente, quando sabemos que de lá nós temos
origem e certamente até os mais brancos possíveis possuem essa influência
fundamental na formação da raça. Com certeza, tenho também parte dessa origem
na nascente, a nossa veia de origem negra. E com isso caem vários preconceitos,
os mais profundos preconceitos da nossa alma.
Há pouco tempo aprovamos o Projeto da
Ver.ª Helena Bonumá sobre a questão de definir e colocar no papel o número
aproximado da população negra. Depois, aprovarmos aqui a questão do próprio
concurso público municipal. Agora, traduzirmos na prática esse excepcional
Projeto de autoria do companheiro camarada Ver. Raul Carrion, que só nos traz
cada vez mais orgulho por estarmos juntos com V. Exa. nesta Frente Popular. E
apontamos cada vez mais esse tipo de Projeto que nos identifica, solidifica-nos
no sentido não apenas político, mas no olhar que nós temos para a humanidade.
Só ressalvando, Ver. Carrion, acho que
deveríamos recuperar uma parte da nossa história aqui em Porto Alegre. Na Lomba
do Pinheiro, na terra dos Chaves Barcelos, nós temos uma casa grande com
senzala e fomos proibidos de adentrar naquela região, mas eu acho que com isso
nós deveríamos retomar esse encaminhamento e fazer uma visita, porque temos
notícia de que está sendo totalmente depredado, pois não há interesse daqueles
proprietários. Nós, com certeza, deveríamos incluir isso nesse seu Projeto de
tanta relevância para nós e para a sociedade. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch
está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº 01.
O
SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, este Vereador, Ver. Raul Carrion, recebe com satisfação o Projeto
objeto de discussão deste Plenário para posterior votação, porque dispõe sobre
a preservação do patrimônio histórico e cultural de origem africana no
município de Porto Alegre.
A nossa posição é favorável à cultura
africana aqui de Porto Alegre, que tem uma história riquíssima. Cada vez mais,
a sociedade conhece e reconhece essa riqueza histórica da cultura africana, dos
descendentes africanos aqui na cidade de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande
do Sul. Aliás, só para se dar um exemplo, a minissérie sobre a Revolução
Farroupilha, a Casa das Sete Mulheres, também mostra isso. Se nós formos ao
Palácio Piratini veremos isso - só para dar alguns exemplos da riqueza, da
história cultural dos afro-descendentes aqui em Porto Alegre.
Mas eu iria além, não só merece mérito e
aprovação este Projeto em virtude disso, mas porque, Ver. Wilton Araújo, toda
preservação de patrimônio histórico e cultural, seja qual for, merece apoio,
estímulo e incentivo. E, durante o período histórico, nós perdemos isso:
quantos prédios, quantas artes foram perdidas, porque havia no mundo, como um
todo, uma concepção de que o velho era atrasado, e apenas o novo, o futuro,
Ver. Nereu D'Avila, interessava? Quantos viadutos foram construídos em cima de
prédios históricos? Por exemplo, quantas cidades, mundo afora, perderam
completamente o patrimônio histórico? Hoje se vê apenas, Ver. Cláudio Sebenelo,
arranha-céus e viadutos. Não vou citar algumas cidades existentes em respeito a
essas cidades e a esses povos, mas hoje estão revoltados, porque não
conseguiram preservar o seu patrimônio histórico e cultural.
Vem em boa hora o Projeto de V. Exa.,
Ver. Raul Carrion, porque, dentre os instrumentos colocados à disposição para
preservar esse patrimônio histórico-cultural, Ver. Dr. Goulart, dos
afro-descendentes, da cultura negra, está, por exemplo, a conservação das áreas
reconhecidamente de interesse histórico, científico e cultural.
Nós estamos justamente
debatendo sobre a necessária reavaliação do Plano Diretor da cidade de Porto
Alegre, onde havia previsão, de forma genérica, no Plano Diretor, qual seja, a
preservação do patrimônio cultural, de 1999, aplicado em 2000, e que no mesmo
ano de 2000 deveria ser entregue a esta Casa, após ampla discussão com a
sociedade, para regulamentarmos e objetivarmos o patrimônio cultural da cidade
de Porto Alegre. Nós estamos adentrando outubro de 2003 e até agora nada,
absolutamente nada com relação à preservação do patrimônio cultural da cidade
de Porto Alegre.
Portanto, V. Exa. antecipa-se à omissão
do Poder Executivo por não ter apresentado a devida regulamentação do
patrimônio histórico-cultural da cidade de Porto Alegre, prevista no Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano e - entre aspas - Ambiental, porque na
prática de ambiental, infelizmente, não tem nada.
Portanto, este Projeto vem a colaborar e
a qualificar o debate necessário de preservarmos os nossos patrimônios, o nosso
patrimônio cultural, o nosso patrimônio ambiental, pelo qual a sociedade clama,
mas, infelizmente, com relação ao qual a Prefeitura teima em se omitir.
Parabéns, Ver. Raul Carrion! Nós, sim,
votaremos a favor deste Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Darci Campani
está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº 01.
O
SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente; Ver. Raul Carrion,
proponente do Projeto de Lei, vimos aqui também manifestar o nosso apoio ao
Projeto e até me sinto diretamente tocado, pois o edifício onde eu moro hoje,
na Rua Lavras, se nós formos procurar alguns remanescentes de casas antigas que
ainda existem ali, são pessoas de uma origem humilde, como era naquela região,
há mais ou menos 20 anos, e que hoje talvez seja um dos pólos de maior
exploração habitacional, de construção dos grandes prédios e espigões. Ali se
localizava uma comunidade negra. Ainda há alguns poucos vestígios, algumas
poucas casas preservadas.
Lembro uma casa que existe lá, de um
amigo que trabalhou com um veículo locado do DMLU. É uma grande área destinada
à praça, mas que ainda não foi urbanizada, ali é uma sede de um local, onde
havia uma reunião de casas. Por incrível que pareça, em plena Av. Lavras, em
pleno Petrópolis, em pleno bairro que se poderia dizer de classe A, talvez,
temos centros de umbanda espírita, ou umbanda kardecista, um dos remanescentes
daquela casa que deve ter em torno de 40 anos, 50 anos, registrando,
exatamente, um momento da nossa história de Porto Alegre. Então, eu me sinto
diretamente tocado. Se essa Lei tivesse vindo há 20 anos, 30 anos, talvez
aquele bairro tivesse sido preservado, talvez aquele local hoje fosse um dos
que a sua Lei poderia estar abrigando.
A cidade de Porto Alegre tem história. E
tudo o que vier na defesa da história de Porto Alegre, eu acho que deve ser
aprovado nesta Casa, para que a gente tenha esse reforço. Os nossos filhos têm
de crescer numa Cidade com história. A história faz parte do desenvolvimento
humano, faz parte da consciência que a espécie humana tem que ter, no sentido
de que ela não nasceu ontem. Ela não nasceu, quando veio ao mundo, ela já tem
toda uma história. O ser humano já fez coisas boas e ruins sobre este planeta,
e é a história que vai-nos relembrar o que aconteceu realmente numa Cidade, num
Estado e num País e trazer o que as classes dominantes fizeram, por que foi
extinta ali aquela comunidade e colocados prédios, agora prédios altos,
antigamente ainda eram prédios baixos, por que há essa exclusão, por que há
classe trabalhadora, por que os negros, por que aqueles mais humildes sempre
são empurrados para fora da Cidade, por que um governo chega, pega uma
comunidade e reassenta bastante longe do centro urbano.
Com esse Projeto, eu acho que nós podemos
recuperar um pouquinho a história perdida da cidade de Porto Alegre, com a
manutenção. Sabe-se, de alguns pontos ainda preservados, mas alguns pontos já
estão bastantes carentes. Sabemos que, em alguns locais, ao serem realizadas as
obras, se encontram apetrechos, materiais que são enterrados, relembrando a
história da cidade de Porto Alegre.
Então, encaminhamos a favor do Projeto de
Lei, pena que ele não veio há 20 anos ou 30 anos, porque realmente os Governos
que estavam em Porto Alegre naquela época não primaram em nada na defesa, muito
antes pelo contrário, só pegavam a população carente de Porto Alegre,
principalmente os negros, e destinava a bairros fora da Cidade. Movimento
bastante contrário ao que a Administração Popular fez com os exemplos das Vilas
Planetário, Lupicínio Rodrigues e outras tantas que nós temos, que foram
reassentadas no seu próprio local de origem, permanecendo ali toda a cultura
daquela região, toda a cultura daquela vila e daqueles moradores. Parabéns,
Vereador, tem o nosso voto.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº
01.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, está de
parabéns o Ver. Raul Carrion com este Projeto que está totalmente ligado à
conservação de um dos patrimônios mais preciosos deste País e da humanidade,
que é a herança negra num País com afro-brasileiros.
A seta de imigração da África para o
Brasil trouxe junto também um conjunto imenso de dados culturais, seja de
linguagem, de artes, entre elas: a música, a coreografia, a dança, os ritmos e,
principalmente, a sensualidade da raça negra, como talvez um dos encantos que
atrai multidões no mundo inteiro. Por exemplo, a última olimpíada, Ver. Juarez
Pinheiro, de países africanos foi aberta na África com um dos mais lindos
espetáculos do mundo, de um colorido, de uma beleza esfuziante, invulgar, a
beleza negra e com alguns traços reveladores da incompetência do branco e a
etnocentricidade do branco, quando anulou uma cultura inteira que vinha da
África para o Brasil, ou seja, quando o locutor assinalou que os tambores e
atabaques batiam em ritmo, eles também falavam uma outra língua por meio da
qual eles se entendem nas selvas africanas.
Todo esse manancial de cultura e de
competência religioso que nós, ao inverso do negro, rejeitamos, e o negro fez o
sincretismo, não só o sincretismo religioso, mas o sincretismo folclórico, com
o folk e o mores, todo ele voltado para a absorção da cultura branca como uma
questão de adaptação, de solidariedade e, principalmente, de tentativa de
convivência e coexistência. Nós fazíamos exatamente o contrário, nós preávamos
o negro, nós caçávamos o negro, nós íamos em busca de...
O
Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exa. tocou num ponto que eu acho muito importante nessa questão:
o sincretismo, a forma pela qual foi absorvida a nossa cultura. Eu queria
agregar uma reportagem que li no jornal Folha de São Paulo, Ver.ª Maristela
Maffei, recentemente, Vereador, de que os negros aqui do Brasil - se V. Exa.
precisar dos cinco minutos, eu cederei o meu tempo, fique tranqüilo com o meu
aparte, apenas quero fazer o registro, depois o tempo estará a sua disposição
-, após a escravatura, que regressaram à África e, principalmente, a Benin,
levaram, aqui do Brasil, a nossa arquitetura e, no seu país de origem,
voltando, foram apelidados de “Os tabom”, numa redução da expressão “Está bom”.
Eles levaram para lá a arquitetura brasileira, nesse sincretismo que
realizaram, durante esse largo tempo que passaram aqui no País. Vejam a
importância dessa cultura.
Os meus cinco minutos já estão colocados
à disposição de Vossa Excelência.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu agradeço muito, Ver. Juarez Pinheiro,
pelo aparte que enriqueceu muito a minha fala, mas, principalmente, quero lhe
dizer que o barroco brasileiro, esse barroco português que veio para cá, que se
modificou e que se tornou barroco brasileiro, o negro enriqueceu mais ainda,
por exemplo, com a riqueza da obra de Aleijadinho, que era negro, que era
mulato, miscigenado. Aqui no Brasil, ele, com a sua ironia, com o seu senso de
humor, Ver. Marcelo Danéris, com o seu talento e a sua competência, fez com que
houvesse, Ver. Juarez Pinheiro, uma nova forma barroca, inteligentíssima,
inclusive debochando dos seus inimigos: em suas esculturas deformando o seu
nariz ou fazendo formas bizarras das pessoas de quem ele não gostava ou com
quem não simpatizava. Deu aulas de arquitetura na primeira Faculdade de
Arquitetura que houve em Minas Gerais, que houve neste País.
O talento fantástico do
negro que veio para cá não se manifestou só no futebol, não só na música.
Quando falamos em música, nós trazemos não só a música do Brasil, a música do
samba. Não. O jazz é todo ele negro;
a música do Caribe é toda ela negra, e há uma cidade no mundo que tem uma
música, característica de uma cidade só, que é o tango de Buenos Aires, com
origem na habanera, conseqüentemente negra. Pois é esse manancial riquíssimo
que o branco etnocêntrico, Ver. Nereu D’Avila, fez com que...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, seu tempo
está esgotado.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: O Ver. Juarez Pinheiro nos concedeu os
cinco minutos que ele teria de...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Juarez Pinheiro,
para discutir o PLCL nº 005/01. Com a autorização, é claro, do Ver. Zé Valdir.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Nós agradecemos, de coração a concessão
feita pelo Ver. Juarez Pinheiro.
Aquele verso do Martinho
da Vila: “Livres das algemas da senzala, presos à miséria da favela” é talvez
um dos maiores enigmas, um dos maiores dilemas de um povo que se miscigena.
Nessa mestiçagem maravilhosa, brasileira, tem que haver um resgate, tem que
haver a volta às tradições negras e principalmente aos costumes, aos valores
culturais dos negros. Hoje já se fala, Ver. Raul Carrion, em votar, aqui nesta
Casa - e será um dia de festa, de grande alegria -, o dia 20 de novembro como
feriado municipal, porque será o Dia de Zumbi dos Palmares. O Quilombo dos
Palmares não foi uma atitude messiânica de Zumbi. Não! Foi uma reorganização
social fantástica, pela qual não existia fome e existia um processo de
comunicação magnífico.
O
Sr. Raul Carrion: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu quero parabenizar o Ver. Cláudio Sebenelo pela sua exposição
erudita sobre o assunto. Também quero registrar o nosso apoio a que a data de
20 de novembro se transforme num feriado municipal, e que o Ver. Sebenelo, como
articulador da Ordem do Dia de hoje - já na segunda-feira também se havia
proposto a isso -, foi peça-chave para que este Projeto viesse à votação,
primeiro Projeto na Ordem do Dia de hoje, e terá grande participação na
aprovação do nosso Projeto. Agradecemos ao Ver. Cláudio Sebenelo.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Nós é que agradecemos; o seu depoimento
enriquece muito o nosso discurso.
Também queremos assinalar que a nossa
dívida não é por um “coitadismo”, não é por um sentimento de vitimização do
negro. Não! É pelo valor fantástico que a população negra trouxe ao Brasil, com
o enriquecimento de uma nova etnia, que mistura raças, como previu,
fantasticamente, um dos maiores maestros da história do mundo, Heitor
Villa-Lobos. Ele miscigenou na música, enquanto nós miscigenávamos na essência
das nossas etnias.
É isso que temos de valorizar, porque o
negro trouxe ao Brasil uma atitude muito mais alegre, muito mais otimista e
muito mais positiva. E foi rechaçado! E o amor-próprio do negro, a sua
auto-estima sempre foram prejudicados pelo egocentrismo da cultura branca.
É essa dívida que nós temos de resgatar,
não aos poucos, mas com mais velocidade, porque, de há muito, este País deve a
esse punhado fantástico de dez milhões de negros, que vieram das costas da
África, de 1500 para cá, por um processo econômico, que se transformou num
processo racista, num processo separatista e, por fim, num dos maiores
genocídios que já teve o mundo em todos os tempos. Pois eles resistiram, estão
hoje mostrando e representando o Brasil lá fora, sendo o nosso orgulho, não só
no esporte, mas também na cultura e inclusive, hoje, já começando a ocupar
cargos no Poder. Ocupando os cargos no Poder, eles mostram o quanto são capazes,
se escaparem da maldição do opróbrio social. Essa é a grande resposta que eles
nos dão, pelo seu talento, pela sua competência e, principalmente, pela melhora
das relações sociais, pelo exemplo que nos deram. Hoje, muito tarde, estamos
entendendo muito melhor o que é o drama e a redenção da cultura negra.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está
com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº 01.
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, eu não pretendia abordar esse tema nesse tom, mas a parte final da
fala do Ver. Beto Moesch me obriga a começar o meu pronunciamento por aí.
Eu acho que o Projeto do Ver. Raul
Carrion que procura estabelecer a preservação do patrimônio histórico da
cultura de origem africana na cidade de Porto Alegre é um Projeto da maior
importância, que se insere dentro das preocupações que estamos tendo em Porto
Alegre, todos, não apenas a Administração. Ele é exatamente o oposto de uma preocupação
que vigorava há algumas décadas, que eu chamo a “civilização desumanizada do
concreto”, pela qual se procurava pensar a cidade, arrasando com o seu
patrimônio. Procurava-se fazer isso, inclusive, fazendo o aparte social da
população pobre, por exemplo.
Eu poderia dar vários símbolos disso em
Porto Alegre: o momento em que se pensava apenas em viadutos na Cidade e se
tirava “a pau” as populações que viviam próximas ao Centro, mandando-as para a
periferia; também esse tipo de civilização que não fez nada para impedir a
ocupação da orla do Guaíba, não por favelas; por grandes lideranças das elites,
que a ocuparam com palacetes, com palácios.
Então, o Projeto do Ver. Raul Carrion é
um Projeto que se insere em uma outra era, que eu simbolizaria com a retirada
dos bares de Ipanema, simbolizaria com a Vila Planetário e, mais recentemente,
na questão afro, eu simbolizaria com a grande preocupação que a Secretaria da
Cultura vem tendo nos últimos anos em promover, por exemplo, a capoeira, que
foi resgatada nesta Cidade. E, mais recentemente, aqui, nós aprovamos, por
iniciativa do Executivo, a política das cotas e assim por diante. Afora
publicações de obras que resgatam. Por que eu digo isso? Porque, mesmo com toda
essa preocupação, nós ainda estamos, a Cidade ainda está devendo para a cultura
afro, sem dúvida, porque a cultura afro nesta Cidade ainda está, digamos assim,
boa parte dela soterrada, tanto no sentido simbólico, como até no sentido real
dessa palavra, e ela precisa ser resgata.
O Ver. Raul Carrion, autor
dessa proposição, na sua Exposição de Motivos, lembra algumas coisas que muita
gente em Porto Alegre não sabe. Três coisas ele lembra do patrimônio existente
em Porto Alegre que muita gente não sabe: a Ponte de Pedra, construída pelos
escravos; a Igreja do Rosário, construída pelos escravos, e a Igreja da Nossa
Senhora das Dores, sobre o Pelourinho, onde os escravos eram sacrificados,
violentados, eu diria.
Então, se nós avançarmos,
há muitos outros aspectos da cultura afro que ainda estão soterrados. E o
Vereador é muito feliz quando propõe que o resgate não é apenas de obras, não
são apenas obras, não são apenas objetos, mas também daquilo que eu chamaria da
parte espiritual, que tem que ser preservada e resgatada, quando ele fala das
formas de expressão, dos modos de criar, de fazer e de viver do negro na cidade
de Porto Alegre. E aí há muita coisa a ser resgatada e preservada, não só na
música, mas até na literatura; a literatura oral é uma coisa que ainda está por
ser feita, reunirmos os negros e resgatar a história oral dos negros nesta
Cidade, por exemplo...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, seu tempo
está esgotado. (Pausa.) O Ver. Zé Valdir está com a palavra, por cedência de
tempo do Ver. Marcelo Danéris, para discutir o PLCL nº 005/01.
O
SR. ZÉ VALDIR: Porque a história do negro na cidade de
Porto Alegre, como de resto no próprio Estado, ainda está soterrada e
fragmentada.
Nós tivemos, na semana passada, o
Acampamento Farroupilha. Em todos os piquetes por que passamos, todos os CTGs
que ali acamparam, eu não vou dizer que não houve, mas muito pouca referência,
Ver. Raul Carrion, à participação do negro na Revolução Farroupilha, quando
alguns historiadores dizem que o negro na Revolução Farroupilha, num
determinado momento, representou quase metade do exército. Sem contar o
episódio da participação dos valentes lanceiros negros, que acabaram sendo
traídos no final da Revolução Farroupilha. Isso não apareceu. Ou, se apareceu,
foi de forma muito secundária aqui em Porto Alegre - o evento foi aqui -, de
forma muito acanhada, se é que apareceu, porque eu não vi, em nenhum momento,
aqui no acampamento, nem o próprio MTG se preocupou com isso, fazer aflorar a
questão do negro, que não é invenção, é aflorar a verdade histórica. É a verdade
histórica que está faltando neste momento!
Então, um dos objetivos que tem o seu
Projeto, Ver. Raul Carrion, que eu acho importante, é fazer vir à tona a
verdade histórica desta Cidade.
O
Sr. Raul Carrion: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Rapidamente, também agradecendo a manifestação, com todas as
contribuições, como historiador que V. Exa. é, quero dizer que esse episódio
dos lanceiros negros e da traição de Porongos, nós também estamos com esse
Projeto na Casa, do monumento no Parque Farroupilha. Fizemos uma profunda
pesquisa, mais de 20 páginas, na nossa Exposição de Motivos. Eu diria que os
lanceiros negros eram a tropa de choque dos farroupilhas. O que acontecia é que
os fazendeiros, os proprietários de terra e suas milícias se mobilizavam nos
grandes combates e se desmobilizavam depois. E o grande corpo permanente dos
farroupilhas, de alta combatividade elogiado por Garibaldi, o herói dos dois
mundos, eram os lanceiros negros. Aliás, os afro-descendentes e
afro-brasileiros tiveram uma contribuição não só nos combates, mas na própria
economia, houve dois Ministros mulatos, um de Minas Gerais e um do Rio de
Janeiro. Então, há uma riqueza na discussão da Revolução Farroupilha da
participação e contribuição histórica como protagonista dos negros nessa luta.
O
SR. ZÉ VALDIR: Por isso que eu estou fazendo referência.
Eu sei que V. Exa. tem esse Projeto. Eu acho que, com a aprovação do seu
Projeto, também nos próximos Acampamentos Farroupilhas, nós temos de ver com
mais cuidado essa questão e fazer aparecer. Porque também se trata de
preservação da história fazer aparecer com muito mais ênfase a participação do
negro na história gaúcha, na história Farroupilha e na história da Cidade.
Um outro aspecto que eu vejo no seu
Projeto é o aspecto educativo que também contribui, porque em toda essa
questão, há o resgate histórico. Temos de desmascarar a falsa historiografia
que, justamente, fez uma interpretação de forma a não deixar emergir a história
do negro, mas há uma questão que é educativa, como o Projeto das cotas e tantos
outros, para possibilitar que o negro passe a se ver na sua história e isso
passa a ser um estímulo no sentido de fortalecer a auto-imagem, principalmente,
da criança e do jovem negro.
No momento em que nós fizermos esse
resgate, essa preservação da história - e essa história começar a ficar visível
em cada canto da Cidade, a ficar visível dentro das escolas, os alunos dentro
das escolas, a juventude ter professores e funcionários negros também atendendo
-, nós vamos estar contribuindo para fazer um outro tipo de educação. Uma
educação na qual o negro pode se ver através dessas personagens, dessas
lideranças, possa reforçar a sua auto-estima, e nós realmente caminharmos para
instalar uma verdadeira democracia, que é a democracia da diferença, uma
verdadeira democracia racial neste nosso Estado e nesta nossa Cidade.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Pestana
está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº 01.
O
SR. CARLOS PESTANA: Ver. João Antonio Dib, demais Vereadores
e Vereadoras desta Casa, também venho a esta tribuna saudar a iniciativa do
nosso companheiro da Frente Popular, o Ver. Raul Carrion, por estar
encaminhando este Projeto. Essa intenção, que efetivamente procura resgatar a
contribuição do povo africano nesta Cidade, é fundamental.
Acho que a nossa Prefeitura, o nosso
Governo, Ver. Raul Carrion, nesses últimos períodos, tem tomado uma série de
iniciativas nesse sentido. Recentemente, esta Casa aprovou a questão das cotas
no concurso, que foi uma iniciativa que teve aprovação de forma significativa
desta Casa. Eu poderia, também, citar um outro Projeto, referente ao antigo
Largo da Epatur; também poderia citar, aqui, o acordo promovido pela Prefeitura
junto ao Carrefour, que estabelecia uma cota para os empregados do Carrefour;
poderia retomar o destaque feito pelo companheiro de Partido, que me antecedeu,
Ver. Zé Valdir, sobre a questão da capoeira; são conjuntos de iniciativas do
Executivo que procuram dialogar, procuram, sim, ter presente essa preocupação
que agora é colocada pelo Ver. Raul Carrion neste Projeto, ou seja, de
reconhecer essa contribuição do povo africano, reconhecer a importância dos
afro-brasileiros na nossa cultura.
Este Projeto, como bem destacou o Ver. Zé
Valdir, não se preocupa só com a questão das obras, mas também com a questão
cultural, com a questão espiritual, é fundamental para a nossa cultura.
Então, essa iniciativa deve ser saudada,
deve ser reconhecida por todos nós como uma iniciativa extremamente positiva.
Tenho a certeza de que o Plenário desta Casa, que tem se mostrado extremamente
sensível às questões raciais, que tem constantemente dado seu voto favorável a
todas as iniciativas que procuram preservar a cultura afro-brasileira em nossa
Cidade, também, no que diz respeito ao Projeto do Ver. Raul Carrion, senão a
sua totalidade, mas, com certeza, a sua grande maioria, vai acabar também
aprovando essa bela iniciativa.
Nós ficamos felizes em ver que a Câmara
de Vereadores, por meio de seus Parlamentares, constrói mais esse Projeto, que
prevê, nos seus artigos, não só a questão do patrimônio histórico-cultural, mas
também as formas de expressão, os modos de criar, fazer e realizar. Venho aqui
felicitar o Ver. Raul Carrion por essa iniciativa que, com certeza, merece não
só o nosso voto, o nosso apoio, mas a certeza de que todos nós iremos aprovar e
promover, efetivamente, essa ação. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Nereu D'Avila
está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº 01.
O
SR. NEREU D'AVILA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, ouvi alguns pronunciamentos desta tribuna que deturpam um pouco o
objetivo a que este Projeto se propõe. Este Projeto se propõe a resgatar tudo
aquilo que é pertinente à raça negra e aos afro-brasileiros, essa cultura,
tanto na religiosidade, como na música, como nas artes, enfim, em todos os
ramos que abrangem a raça negra.
Quando se diz aqui que, em alguma
eventualidade, o Partido do Governo, a Prefeitura encaminhou, por exemplo, o
Projeto das cotas, se pode dizer que sim, encaminhou e é elogiável. Até digo
mais, se algum Vereador tivesse apresentado o Projeto, este não passaria.
Então, não é mérito da Prefeitura, até porque a Prefeitura conhece tão pouco de
africanismo que redigiu errado, mandou com o termo “afro-descendente”, quando o
termo correto é “afro-brasileiro”, que nós corrigimos a pedido dos negros. Eu
fico um pouco entristecido quando se procura partidarizar a questão do negro. O
Ver. Zé Valdir já quis exaltar que só o PT teria iniciativa nesse sentido. Ora,
vamos parar com isso. Eu fiquei muito feliz com a questão do último Projeto das
cotas, porque os negros de todos os Partidos procuraram alguns Vereadores,
inclusive este Vereador, independentemente de Partido, de ideologia, para
aperfeiçoar o Projeto, para que o Projeto saísse com emendas, saísse corrigido,
e foi aprovado por unanimidade, e muitos Vereadores, que eram contra as cotas,
votaram a favor. Não é questão do Ver. Raul Carrion, o Ver. Wilton Araújo é
um antigo defensor, sempre apresentou propostas, mesmo noutras legislaturas, e
que tem convivência, também. Eu tenho ouvido muito discurso bonito, erudito, de
pessoas que jamais se aproximaram dos negros e das suas reivindicações, das
suas postulações, das sua religiosidade e da sua música, é só discurso. E como
tem muito a ver, também, com o carnaval, por exemplo, então há muita gente que
se aproxima para pegar voto no carnaval, portanto vamos parar por aí. Vamos
dizer o seguinte, que eu acho melhor: todos nós ou, pelo menos, aqueles que têm
vinculação, que lutam e que têm compromissos políticos, que muitos Partidos os
têm, os compromissos políticos. Eu acho isso mais verdadeiro, mais autêntico,
ou seja, essa luta não é de ninguém, é de todos, essa luta é de todos, pertence
a todos, porque nós temos uma grande dívida como Nação para com os negros.
Agora, na Semana Farroupilha, também foi
falado aqui, emergiu com muita força, sobre uma infeliz etapa da Revolução
Farroupilha ao seu final, a famosa Batalha dos Porongos, que macula até a
imagem de David Canabarro, em que os negros estariam desarmados, resultando na
dizimação dos famosos lanceiros negros. Como disse, aí sim com razão o Ver. Zé
Valdir, representavam praticamente dois terços das tropas que lutaram na
Revolução Farroupilha. E da dizimação da famosa Batalha dos Porongos, ao final,
em 1834, ao final da Guerra dos Farrapos, restaram apenas 120 negros vivos de
um batalhão de honrados negros que lutaram nos lanceiros negros. Então, nós
temos muito que resgatar, sim, nós todos, mulheres, homens, de todas as cores,
temos compromissos a resgatar com o opróbrio, a mácula que ficou na história,
inclusive nós, gaúchos, no nosso maior orgulho que foi a Revolução Farroupilha.
Por isso, Projetos dessa natureza são
saudados aqui, porque a iniciativa de um Vereador é altamente positiva, porque
produz esta discussão, produz esta visão do quanto temos ainda de fazer pelos
negros. Porto Alegre inscreve-se, graças a Deus, graças a todos nós, Executivo,
Legislativo, que votamos nas cotas.
Concluo dizendo que a iniciativa é boa, o
PDT une-se orgulhosamente a ela, porque beneficia e resgata – e o termo
“resgatar” também é importante -, em parte, tudo aquilo que ainda devemos fazer
pela negritude. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo
está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01, com Substitutivo nº 01.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, o PPS vem à tribuna, e hão de dizer: “Depois de tantos
Vereadores...”, mas sob uma responsabilidade. É responsabilidade, pela história
parlamentar deste Vereador, que, lá em 1983, com um Projeto pioneiro no País,
criava, Ver. Reginaldo Pujol, a Semana do Negro. Lá, quando ninguém falava
sobre o tema, esta Casa aprovou aquele Projeto e, a partir daquele momento, vem
resgatando a cultura, vem resgatando a questão da religiosidade, vem resgatando
a questão do patrimônio, por meio das discussões.
Há poucos dias, aprovamos um Projeto
singelo, bem simples, mas que fazia contar, desde 1983 até hoje, a Semana da
Consciência Negra e Anti-Racismo na cidade de Porto Alegre, mas, sei lá por
que, perdi-me na história, num determinado momento, iniciou-se uma nova semana.
É também de responsabilidade alguém ser o Presidente do Conselho de uma
sociedade que há 130 anos congrega, respeita e produz material suficiente, que
tem, embora em condições de dificuldades extremas, um arquivo riquíssimo e que
poderá, sim, integrar essa coleta de dados à preservação desse material todo;
porque até hoje o fez, com as parcas condições, modestas condições - há esse
material lá na Sociedade Floresta Aurora. E nós temos também o Satélite Prontidão,
com outro vasto material, uma sociedade que também se dedica a manter a cultura
dos afro-brasileiros e dos descendentes de africanos.
Nesse sentido e com essa
responsabilidade, fazendo parte dos dois Conselhos, tendo como símbolo inicial
este Projeto, lá da Semana do Negro, de muito tempo, venho parabenizar o Ver.
Raul Carrion pela iniciativa. E, logo no início, quando retornei a esta Casa,
disse ao Ver. Raul Carrion: “Se for por essa causa, não precisa me consultar,
não precisa me perguntar, porque nós vamos estar juntos sempre.”
E, em outro momento, fui duro até –
reconheço que fui duro – e fiz uma cobrança, em um determinado momento, na
votação de um Projeto, em que o Ver. Raul Carrion e o Ver. Carlos Alberto
Garcia, por essas coisas da política, acabaram votando com a Bancada governista
e, no meu entendimento, descurando de algo importante. Por isso, naquele
momento, eu fiz uma cobrança dura até, reconheço, mas mantenho a minha
coerência, se for com esse objetivo, se for com essa vontade de resgatar aqueles
que estão à margem da sociedade ainda hoje...
Porque, no dia-a-dia, na rua, a
discriminação, o racismo existem em várias manifestações, em vários momentos
culturais, em tantos, que está enrustido, está embutido em obras, e a uma delas
me referi hoje, Ver.ª Margarete Moraes, que é a questão da Pista de Eventos, do
Sambódromo. Aí tem coisa! Por que as escolas de samba até hoje não possuem
quadra própria? Por quê? Se nós vemos outros movimentos que sequer têm... E são
legítimos para obter, são legítimos, eu diria, mas têm muito menos tempo, muito
menos estrada do que o Movimento Negro. Então, ainda há, por parte dos Poderes
Públicos...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, seu tempo
está esgotado. (Pausa.) O Ver. Wilton Araújo está com a palavra, por cedência
do Ver. Renato Guimarães, para discutir o PLCL nº 005/01. O Ver. Renato
Guimarães estava na ordem de inscrição.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Agradeço ao Ver. Renato Guimarães pela
gentileza do tempo, por certo, não faltará oportunidade para devolver este
tempo em discussão futura.
Mas eu dizia: por que ainda hoje na
cidade de Porto Alegre – e podemos citar as manifestações culturais, como o
carnaval, que é uma manifestação cultural de raízes africanas, legítima - as
escolas não têm as suas quadras? O Sambódromo não está construído! Isso induz,
faz pensar, faz refletir. Daí o mérito deste Projeto: trazer à discussão não só
esse patrimônio, mas também trazer à discussão do quanto é necessário ainda
galgarmos e caminharmos no sentido do reconhecimento pleno desses direitos -
porque são direitos. E só há a Semana do Negro, só há a Semana da Mulher, e só
há tantos dias e semanas daqueles que são discriminados!
Nesse sentido, o Projeto tem mérito,
nesse sentido, o Projeto traz à luz, Ver. Raul Carrion, faz e produz a
discussão para que tenhamos, sim, objetivamente, reconhecidos, na Câmara
Municipal de Porto Alegre, esses direitos. Claro, que uma Câmara não pode
resgatar todos os direitos, mas, no nosso âmbito, no nosso meio, na nossa
limitação, certamente vamos fazê-lo.
Há um Projeto que já deu entrada nesta
Casa, tratando da isenção de IPTU para templos religiosos de religiões
afro-brasileiras, a umbanda e a africana. Esse Projeto faz com que esses
templos tenham o mesmo nível de entendimento e chance daquelas outras religiões
que são mais organizadas, que têm mais dinheiro e que têm mais possibilidade de
se candidatarem à isenção. Então, esse Projeto vai ser mais um passo, vai ser
mais um degrau que vamos alcançar, para ter o mínimo de igualdade entre as
etnias que formam o povo brasileiro.
Finalizando, eu gostaria de dizer que o
Projeto, tecnicamente, tem todos os requisitos. Nós o examinamos bem, ele está
tecnicamente perfeito. Nesse sentido, Ver. Raul Carrion, V. Exa. tem integral
apoio da Bancada do PPS, porque, nessa luta comum que nós desenvolvemos nesta
Casa, existem batalhas muito maiores que deverão ser conquistadas, que deverão
ser executadas com essa identidade.
Deixo, portanto, aos Srs. Vereadores, a
certeza, primeiro, de que esse Projeto terá a unanimidade; espero que Projetos
dessa natureza, que tenham essa vontade, também recebam a unanimidade desta
Casa, porque assim, certamente, teremos o resgate daquilo que o povo negro
merece. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ainda há dois
Vereadores inscritos para discussão. Solicito que, se há alguém que deseja
discutir, por favor, faça a sua inscrição.
O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra, por cedência de tempo do Ver. Aldacir Oliboni, para discutir o PLCL nº
005/01, com Substitutivo nº 01.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, este Projeto do Ver. Raul Carrion, que dispõe sobre a preservação e
o tombamento do patrimônio histórico e cultural de origem africana no município
de Porto Alegre e dá outras providências, na realidade, soma-se a um conjunto
de ações deste Legislativo, do Executivo Municipal, constituindo, cada vez
mais, espaços, políticas afirmativas, debates políticos de muita importância na
consolidação do que eu chamo de caminhada para indenização do povo negro em
relação a tudo o que esse povo sofreu na sua trajetória, na sua caminhada
histórica aqui no Brasil. Nada mais justo, Ver. Raul Carrion, que nós possamos
dispor de uma legislação que garanta a preservação da cultura negra. Desde os
diversos quilombos que a nossa Cidade têm, os aldeões das casas de umbanda, do
conjunto de espaços culturais, religiosos, do conjunto de marca histórica que
esse povo trouxe como contribuição para a cidade de Porto Alegre.
Mas gostaria também de aproveitar a
oportunidade e dialogar a respeito da fala de outros colegas Parlamentares que
trouxeram o debate do Projeto do Ver. Raul Carrion a esta tribuna para fazer o
que chamo de disputa, acusando o Governo Municipal de não ter ação na área que
constitui políticas para o povo negro.
Primeiro, o Ver. Nereu D’Avila subiu à
tribuna e disse que, se o Projeto das cotas fosse de iniciativa de Vereador,
seria diferente e não seria aprovado. O Ver. Nereu D’Avila sabe que o Projeto
das cotas não poderia ser de iniciativa de Vereador, porque é um Projeto que
mexe com uma legislação de autoria do Executivo e tem de ser por iniciativa do
Executivo. Houve toda uma consulta nesse sentido, inclusive com a participação
dos Vereadores, inclusive com a participação do Ver. Nereu D’Avila. Mas acho
oportuno o destaque que o Ver. Nereu D’Avila faz, porque o Vereador participa
de um Partido Político - o PDT - que deve ter hoje, no Estado do Rio Grande do
Sul, em torno de noventa, noventa e cinco Prefeituras. Não sei, Ver. Nereu
D’Avila - até lhe cedo um aparte se o senhor tiver essa informação -, quantas
das Prefeituras do PDT neste Estado têm projetos encaminhados constituindo
cotas para acesso de negros ao serviço público. Eu faria um desafio aqui. Um
Partido com uma marca como a que tem seu Partido - eu a conheço, posso aqui
afirmá-la, da mesma forma como o PT tem, na disputa, na afirmação de políticas
concretas para o povo negro -, o PDT, lá nas suas noventa Prefeituras, deve
encaminhar projetos semelhantes de cotas. Acho que o Ver. Nereu D’Avila, como
dirigente desse Partido, deve reivindicar isso.
O
Sr. Raul Carrion: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Faria um aparte, não no sentido de desafio, mas de sugestão e no
seu espírito. Temos a UERGS aqui no Rio Grande do Sul. Quem sabe a UERGS
poderia ser pioneira nas cotas para os afro-brasileiros? Nós temos o Secretário
da Educação do PDT, ex-Vereador, uma pessoa sensível; nós não temos, ainda,
cotas na UFRGS - a Bahia já tem cotas para afro-brasileiros, o Rio de Janeiro
já tem, Brasília já tem. Quem sabe fosse um bom caminho no Rio Grande do Sul a
UERGS dar o exemplo para a Universidade Federal e abrir o sistema de cotas.
Deixamos essa proposta à Bancada do PDT. Muito obrigado.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Com certeza, Ver. Raul Carrion, essa
proposta poderia ser extensiva ao próprio Governo do Estado, que poderia estar
abraçando esse debate de instituir cotas em relação a ele próprio, inclusive na
Administração Pública. Eu estou dizendo isso para colocar que a importância da
temática de políticas afirmativas para o povo negro não pode, por artimanha da
disputa de tribuna na Câmara de Vereadores, ser tirada do centro do debate,
porque todos nós aqui, representantes de Partidos políticos, temos o dever de
defender, dentro desses Partidos, onde estivermos, o mesmo que defendemos aqui
em Porto Alegre, na tribuna da Câmara dos Vereadores. Quem defende cotas na
tribuna da Câmara de Vereadores pelo PDT, deve defender lá, na cidade tal, no
Interior, essa mesma política. Essa é a coerência que o povo negro pede, da
mesma forma, aos outros Partidos.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, seu tempo
está esgotado. (Pausa.) Inscreve-se a Ver.ª Maria Celeste e, com a concordância
do Ver. Pedro Américo Leal e do Ver. Carlos Alberto Garcia, cede o seu tempo
para o Ver. Renato Guimarães, para que ele possa continuar a discutir o PLCL nº
005/01.
O
Sr. Nereu D’Avila: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu não sei por que V. Exa. me escolheu como alvo do seu discurso,
desafiando o PDT...
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Não, não, não, é um diálogo, é um
diálogo! É um diálogo consertativo.
O
Sr. Nereu D’Avila: Nobre Vereador, o Governador Brizola, do
Rio de Janeiro, foi o primeiro Governador a privilegiar o negro, o PDT tem como
compromisso, entre os seus quatro compromissos partidários e doutrinários, o
negro.
Claro que nós aceitamos a sugestão de V.
Exa. de que, independentemente de Partidos, como eu disse ... Agora, nossos
Partidos têm compromissos. A sugestão de V. Exa. é boa. Evidentemente, tem que
ver as condições, também ...
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Se viabilizam na realidade local.
O
Sr. Nereu D’Avila: É, das realidades locais. É isso que
eu... Quanto aos compromissos, nós estamos...
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Não temos dúvida disso.
O
Sr. Nereu D’Avila: ... junto com os que estiverem à frente
dessa tropa; compromissos com negros, nós temos na nossa Carta Partidária, no
nosso programa partidário.
Só para concluir, quero dizer que o nosso
compromisso é com quatro setores: os trabalhadores, o negro, o índio e a
mulher, evidentemente. Obrigado, Vereador.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Eu aproveito a oportunidade, Ver. Nereu
D’Avila, para dizer que lá, no meu passado de militância estudantil, tive
oportunidade de ler a Carta de Lisboa, documento de fundação do PDT, onde esses
princípios estão colocados, os princípios de uma sociedade socialista apontando
esses quatro eixos.
Mas volto à temática dizendo: acho que a
iniciativa do Ver. Raul Carrion contempla o leque de alternativas que esta Casa
vem tendo no sentido de afirmar políticas de resgate e indenização do povo
negro, acho que é importante por isso. E a ação tem um diálogo de consertação
com as ações do Governo Municipal.
O Governo Municipal, Ver. Nereu D'Avila,
tem um número extensivo de ações voltadas para essa política afirmativa em
relação ao povo negro; podemos listar na área educacional, na área
habitacional, na área de saúde, na área de assistência. Nós temos uma
Coordenadoria dentro do Governo que articula o conjunto de ações das várias
Secretarias voltadas a afirmar ações do Governo em relação ao povo negro e as
propostas aqui da Câmara de Vereadores. Por exemplo, eu sou autor de uma Lei
que inclui, na rede de ensino municipal, a educação anti-racista e
antidiscriminatória. Essa Lei não inclui uma disciplina, porque isso estaria
ferindo a relação com a LDB, inclui uma educação transversal que passa por
dentro do conjunto das disciplinas que já existem, e essa legislação hoje é um
fato. Nós temos comissões nas escolas, nós temos comitês que tratam, durante o
ano, de construir uma política dentro do setor da educação nas escolas,
afirmando a necessidade de que a história do povo negro, as ações do povo negro
sejam de permanente resgate. E não é só isso, também é uma luta nossa, da
Bancada e do Governo, a Semana da Consciência Negra, que é um fator importante,
um marco importante. Mas questões de preconceito não devem ser tratadas só em
datas históricas, devem ser tratadas no nosso cotidiano, no dia-a-dia. Portanto
as ações do Executivo se cumulam, somam-se às ações deste Legislativo, e é
nesse sentido que vai este Projeto, que, com certeza, nós vamos aprovar por
ampla maioria desta Casa.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Pedro Américo
Leal está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/01.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PP,
Partido composto por este Vereador e pelos Vereadores João Antonio Dib, Beto
Moesch e João Carlos Nedel, presta uma homenagem ao negro, na discussão, pois o
encaminhamento desta proposição, deste Projeto, nada mais é do que o
enaltecimento da raça negra, que compôs com muita honra a nossa Pátria.
Os exemplos são muitos, o mais recente é
essa menina Daiane, a qual o Ver. Carlos Alberto Garcia homenageou; entre
outros atletas, ela encantou o mundo com os seus saltos na ginástica de chão,
nas acrobáticas de solo sagrando-se campeã de todo o mundo.
Mas, de que adianta eu lembrar aqui de
Machado de Assis, o autor de “Carolina ao pé do derradeiro em que descansa
dessa longa lida/ a que venho, virei sempre querida, trazer-te o coração de
companheiro”. O grande poema que ele fez para a sua mulher. “Pulsa-lhe ainda
aquele afeto derradeiro,/ que, a despeito de humana lida,/ fez com que nossa
vida pudesse ser vivida/ e num recanto pôs o mundo inteiro.”
Pelé e tantos outros negros que
maravilharam nossa Pátria, na cultura, no esporte principalmente. Mas venho
aqui prestar um preito de homenagem ao grande Ari Barroso, Ver. Raul Carrion,
que, em música popular, como popular é o negro, marcou a cultura brasileira com
a letra que reputo seja uma das mais bonitas do seu repertório. Ele dizia, em
manifestação e coro, fazia e imprimia o “Trabaia, trabaia, nego/ trabaia,
nego”. E ele dizia assim” Ai, meu senhor,/ nego tá véio não agüenta essa terra
tão dura, tão seca./ Trabaia, trabaia, nego./ Nego tem pena de ter-se acabado./
Trabaia, trabaia, nego./ Nego pede licença pra parar./ Trabaia, trabaia, nego./
Ai, meu senhor,/ quando o nego chegou por aqui/ era mais vivo e ligeiro que o
saci/ varava esses campos, esses rios, esses morros sem fim/ nego era moço,/ e
a vida um brinquedo pra mim,/ mas esse tempo passou/ esta terra secou/ o
brinquedo quebrou/ nego não agüenta esta terra tão dura tão seca/ nego pede
licença pra parar./ Trabaia, trabaia, nego./ Nego tem pena de ter- se acabado./
Trabaia, trabaia, nego./ Nego carrega este corpo cansado./ Trabaia, trabaia,
nego”. Não tenho mais nada a dizer.
Esta é a minha homenagem, homenagem do
meu Partido ao negro e a toda sua contribuição alegre, pois o negro é alegre.
Nos transmitiu isso nos porões do navio negreiros em que chegou. Se foram nove,
oito, dez milhões? O que interessa saber! Eles vieram e compuseram 50% da nossa
Pátria, de todo o efetivo do Brasil, de todo o contingente de nossa Pátria.
Eles têm muito o que dar para nós e nós temos muito o que dar para eles; se
ainda der tempo, porque o resgate que temos que fazer é imenso, pelo que nos
proporcionaram. Como dizia Gilberto Freire, qualquer família brasileira que
prove suas origens, vá buscar na senzala suas origens, lá está ela, na senzala
das fazendas.
(Revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Cumprimentos, Ver.
Pedro Américo Leal, cinco minutos exatamente.
O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir o PLCL nº 005/01.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, primeiramente queremos parabenizar o Ver. Raul Carrion pela sua
iniciativa, que dispõe sobre a preservação e o tombamento do patrimônio
histórico e cultural de origem africana no município de Porto Alegre e dá
outras providências. Muito se falou sobre o que o Partido “A” fez, o que o
Partido “B” fez, o que o Partido “C” fez, e eu vou falar do que o Partido SB
fez e faz, ou seja, o Partido Socialista Brasileiro tem essa vinculação, como
todos os Partidos, porque a descendência africana faz parte do cotidiano do
povo brasileiro, e nem seria diferente.
O município de Porto Alegre fez muitas
coisas. Eu inclusive falava com a nossa especialista em assuntos culturais, a
Ver.ª Margarete Moraes, e perguntava se alguém havia abordado sobre a questão
do Mercado Público, porque o Mercado Público é o grande centro cultural afro de
Porto Alegre! Esse local, como um local sagrado, foi totalmente revitalizado
pelo Poder Público, havendo lá inúmeras casas de religião, com os seus
produtos, para aqueles que cultuam a religião afro. Isso é um detalhe
importante.
O Ver. Wilton Araújo disse que nós
havíamos votado contra a questão do pré-vestibular, especificamente, mas, na
época, falamos o porquê, votamos contra, mas como veio o assunto novamente, é
importante - os Vereadores sabem, mas o telespectador que nos assiste não sabe
- dizer que, para ser votado algo que envolve finanças, tem de estar envolvido
no Plurianual, e foi colocado verba específica fora do Plano Plurianual. Então,
algo que não estava contemplado. Eu espero que o Ver. Wilton Araújo, em 2005,
ao assumir, desde o início, aqui na Câmara, no Plano Plurianual, certamente ele
vai contemplar a questão do pré-vestibular, e esta Casa vai aprovar. Eu não
tenho dúvida disso. Agora, nós não podemos é querer fantasiar, colocar algo que
não existe. Por isso, eu digo que nós temos que ter ações propositivas, mas de
forma coerente.
Nós dissemos para o Ver. Raul Carrion que
seríamos contra o Projeto, na sua forma inicial, porque transgredia uma esfera
fora da órbita municipal. E o Ver. Raul Carrion disse: “Não, mas eu já fiz o
Substitutivo”. Ele fez o Substitutivo dentro da Legislação, adequando os
diversos matizes que estavam fora. Pronto. Uma coisa é o mérito; a outra coisa
é a legalidade, e nós temos que ter a responsabilidade com as duas coisas. E
nada melhor e mais salutar do que algo estar legal e ter o mérito, e este
Projeto tem isso. Está dentro de uma visão correta politicamente, dentro da
Legislação pertinente, e o mérito todos nós elogiamos.
Então, dessa forma, Ver. Raul Carrion, de
forma simples, fraterna e singela, o Partido Socialista Brasileiro gostaria de
homenagear e, ao mesmo tempo, homenagear todos os cidadãos descendentes da raça
negra, não só de Porto Alegre, mas do Rio Grande do Sul e do Brasil, lembrando,
novamente, que Porto Alegre já fez muito por aquele que é o local sagrado, que
é o Mercado Público, onde a história do Príncipe Custódio está ligada
diretamente à história de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o
Substitutivo nº 01 do PLCL nº 005/01. O Ver. Juarez Pinheiro pede que seja
realizada votação nominal. (Pausa.) O Ver. Juarez Pinheiro desiste do seu
Requerimento. É preciso maioria absoluta. Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO,
32 votos sim; são 32 Vereadores no Plenário e um Vereador em representação.
Emenda nº 01 aposta ao Substitutivo nº 01
ao PLCL nº 005/01, que foi aprovado, pela unanimidade dos Srs. Vereadores:
(Lê.) “Substitua-se em todos os artigos onde houver a palavra
‘afro-descendentes’ por ‘afro-brasileiros’ “, apresentada na Sessão de hoje,
tendo a assinatura dos Vereadores Nereu D’Avila e Raul Carrion.
Em votação a Emenda nº 01 aposta ao
Substitutivo nº 01 ao PLCL nº 005/01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por
unanimidade.
Dentro de poucos minutos, nós teríamos de
fazer um Requerimento de prorrogação da Sessão, mas eu vejo que os Vereadores
começam a sair e, visivelmente, não há quórum.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, só gostaria de perguntar
a V. Exa. se já chegou à Mesa um Requerimento do art. 81 para um Projeto de
Lei... Sr. Presidente, disseram-se que já foi deferido. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Agradeço a todos.
Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h25min.)
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